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Música

Discos: CHVRCHES

Resulta bem melhor em singles.

The Bones Of What You Believe

Virgin, Goodbye

5/10

Foi apenas há algumas semanas atrás que os CHVRCHES, na sua página oficial de Facebook, postaram um pedido para que os homens (e algumas mulheres, imagino) parassem de enviar e-piropos em que requisitavam a presença de Lauren Mayberry, adorável vocalista do trio britânico electro pop, para propostas mais ou menos indecentes (leia-se “sexo animalesco”) que pouco tinham a ver com a música que tocavam. Desde então, parece não haver discussão sobre a banda que não culmine em extensos debates em torno da misogonia e todas essas merdas sobre as quais ninguém quer saber — ainda há pouco fui ao last.fm da banda e num dos primeiros comentários lia-se um poético “most men are mindless scumbags anyway”. Enfim, tanta palha em torno de uma questão que pode ser resumida num despreocupado “eu ia lá” — e, convenhamos: todos iríamos.

Tendo isto tudo em conta serve esta introdução para considerar que, à semelhança do que sucede com bandas de qualidade dúbia em que a vocalista é gira que chegue para alimentar algum interesse e umas capas de revista (tipo Paramore), também os CHVRCHES se metem a jeito de trilhar o mesmo caminho:

The Bones of What You Believe

, o seu disco de estreia após um par de EP’s lançados, é uma simpática mas rapidamente aborrecida amálgama de ritmos electrónicos temperados pela suave voz feminina da Lauren Mayberry que tanto oscila entre o cativante e o chato, o que nos deixa a questionar quanta mais hype electro pop vai ser precisa esgotar-se até que se perceba que o género está completamente saturado. Com um sintetizador, uma bateria (e vá, uns baixos e algumas guitarras aqui e ali) e uma cara bonita, os CHVRCHES limitam-se a cumprir serviços mínimos e a perderem-se por entre tantos outros artistas e bandas semelhantes. Há canções interessantes — e a inicial “The Mother We Share” é uma destas — mas chegamos à segunda metade do disco e quase automaticamente colocamos o que estamos a ouvir em segundo plano, tal é a parecença entre as melodias e as estruturas que compõem as várias canções. Isto tudo deve resultar bem melhor em singles.