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Música

Nozinja Fala Sobre a Música Sul-Africana: “Somos um Povo Global”

O mestre Shangaan de 45 anos lança seu disco de estreia ‘Nozinja Lodge’ pela Warp em junho.
Drew Gurian

Você pode repetir isso!", Nozinja fala gargalhando, esboçando um sorrisinho maroto enquanto passa a mão na barriga. "Estou honrado".

Tirando o pós dos tesouros setentistas da disco africana

O produtor de 45 anos que atende pelo nome de Richard Mthetwa, é o mestre do Shangaan electro - um som vertiginoso que induz a arritmia e que, curiosamente, possui poucas linhas de baixo e foi inspirado na música do povo de Shangaan, um grupo étnico na África do Sul. Substituindo a instrumentação ao vivo tradicional por drum machines, sequenciadores e teclados MIDI, Nozinja basicamente criou o gênero enquanto tabalhava em uma loja de reparos de celular em Soweto, lançando discos pela sua própria label.

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Foto por Drew Gurian / Red Bull Content Pool

Em junho próximo, o LP de estreia do Nozinja, o Nozinja Lodge, será lançado pela Warp Records - um indício de quão enorme o Shangaan electro se tornou. No entanto, é evidente que Nozinja ainda está abismado com seu próprio impacto. Em Nova York pela primeira vez para abrir o Electronic Africa, o primeiro evento do festival da Red Bull Music Academy, ele passa a maior parte da nossa conversa rindo do fato de ser constantemente referido como o "Embaixador do Shangaan".

"Ser homenageado não é algo que você escolhe", fala Nozinja timidamente, tomando um gole do seu drink. "Você tem que deixar rolar".

Nozinja descreve seu povo como "a nação mais acolhedora" da África do Sul - sua personalidade eufórica é claramente refletida nas suas produções futurísticas e technicolor. Acelerado até 189 BPM e destruidor, o Shangaan electro chegou a ser comparado com o footwork de Chicago - nesse mês, Nozinja até mesmo se juntou ao criador do footwork RP Boo para uma mix colaborativa.

Você pode repetir isso!", Nozinja fala gargalhando, esboçando um sorrisinho maroto enquanto passa a mão na barriga. "Estou honrado".

Tirando o pós dos tesouros setentistas da disco africana

O produtor de 45 anos que atende pelo nome de Richard Mthetwa, é o mestre do Shangaan electro - um som vertiginoso que induz a arritmia e que, curiosamente, possui poucas linhas de baixo e foi inspirado na música do povo de Shangaan, um grupo étnico na África do Sul. Substituindo a instrumentação ao vivo tradicional por drum machines, sequenciadores e teclados MIDI, Nozinja basicamente criou o gênero enquanto tabalhava em uma loja de reparos de celular em Soweto, lançando discos pela sua própria label.

Foto por Drew Gurian / Red Bull Content Pool

Em junho próximo, o LP de estreia do Nozinja, o Nozinja Lodge, será lançado pela Warp Records - um indício de quão enorme o Shangaan electro se tornou. No entanto, é evidente que Nozinja ainda está abismado com seu próprio impacto. Em Nova York pela primeira vez para abrir o Electronic Africa, o primeiro evento do festival da Red Bull Music Academy, ele passa a maior parte da nossa conversa rindo do fato de ser constantemente referido como o "Embaixador do Shangaan".

"Ser homenageado não é algo que você escolhe", fala Nozinja timidamente, tomando um gole do seu drink. "Você tem que deixar rolar".

Nozinja descreve seu povo como "a nação mais acolhedora" da África do Sul - sua personalidade eufórica é claramente refletida nas suas produções futurísticas e technicolor. Acelerado até 189 BPM e destruidor, o Shangaan electro chegou a ser comparado com o footwork de Chicago - nesse mês, Nozinja até mesmo se juntou ao criador do footwork RP Boo para uma mix colaborativa.

Entretanto, ao contrário do que suas braçadeiras com penas de flamingo e calças roxas repletas de fitas sugeririam, Nozinja confessa que prefere "ficar no estúdio em vez de atrair olhares do público". Ele faz um gesto melancólico em direção ao estúdio várias vezes. "Olho para esse lugar, para esse estúdio, e fico tipo, porque eles não podem só... [me deixar fazer as paradas]?". Mais acostumado a ser um manipulador de fantoches do que o centro das atenções, ele ficou no fundo do palco durante seu show naquela noite, deixando os flashes neon das saias de xibelani de seus dançarinos serem o destaque da performance.

Dançarinos no show do Nozinja no festival Electronic Africa (Foto por Maria Jose Govea / Red Bull Content Pool)

Além de fazer sua própria música, Nozinja também é o produtor talentoso por trás do Tshetsha Boys, os astros de Shangaan que se apresentam como um grupo de palhaços vestindo macacões laranjas. Ele também atua como mentor para o pioneiro do gênero Bacardi House, DJ Spoko. Mais do que um astro da produção ou entidade de Shangaan, Nozinja se define como "um homem de negócios". Até o jeito como ele se coloca na nossa conversa exemplifica isso, a forma como ele habilmente foge de qualquer pergunta que poderia levar a aspectos negativos quando o assunto é a marginalização da minoria de Shangaan na África do Sul.

No entanto, a estreia de Nozinja em Nova York é um grande acontecimento. Em 2011, quando, pela primeira vez, seu grupo de Shangaan fez uma turnê por 14 cidades europeias, o empresário e musicólogo Wills Glasspiegel descreveu a tour como um "momento histórico para a cultura Shangaan".

"Esse é o tipo de música e grupo étnico que vem sendo marginalizado há muitos anos no país", Glasspiegel disse à MTV Iggy. "É um som que os sul-africanos como um todo não levam a sério ou pensam em proteger".

Na verdade, o mais próximo que chegamos a essa questão é quando pergunto sobre a visibilidade de Shangaan na mídia local, e ele admite ser pequena.

"Gostaria que tivéssemos mais espaço... especialmente na TV", ele fala cuidadosamente. "Apenas uma rádio toca nossa música... da próxima vez, esperamos que o governo promova nosso som na TV".

Porém, esperamos que tudo isso mude em breve. Nozinja diz que seu lançamento pela Warp e viagens internacionais já têm aumentado a presença Shangaan - um feito que ele diz ser facilmente expressado por um ditado popular que, traduzido, seria mais ou menos "deixar meu trabalho falar por si próprio".

"Estou nessa com o orgulho pela minha nação nas minhas costas", ele suspira feliz, me dando um grande abraço enquanto nos despedimos. "Mostrar minha música ao mundo, e também que somos um povo global... Me deixa muito, muito feliz".

Nozinja Lodge será lançado dia 2 de junho pela Warp

Siga a Sandra Song no Twitter

Tradução: Stefania Cannone

Entretanto, ao contrário do que suas braçadeiras com penas de flamingo e calças roxas repletas de fitas sugeririam, Nozinja confessa que prefere "ficar no estúdio em vez de atrair olhares do público". Ele faz um gesto melancólico em direção ao estúdio várias vezes. "Olho para esse lugar, para esse estúdio, e fico tipo, porque eles não podem só… [me deixar fazer as paradas]?". Mais acostumado a ser um manipulador de fantoches do que o centro das atenções, ele ficou no fundo do palco durante seu show naquela noite, deixando os flashes neon das saias de xibelani de seus dançarinos serem o destaque da performance.

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Dançarinos no show do Nozinja no festival Electronic Africa (Foto por Maria Jose Govea / Red Bull Content Pool)

Além de fazer sua própria música, Nozinja também é o produtor talentoso por trás do Tshetsha Boys, os astros de Shangaan que se apresentam como um grupo de palhaços vestindo macacões laranjas. Ele também atua como mentor para o pioneiro do gênero Bacardi House, DJ Spoko. Mais do que um astro da produção ou entidade de Shangaan, Nozinja se define como "um homem de negócios". Até o jeito como ele se coloca na nossa conversa exemplifica isso, a forma como ele habilmente foge de qualquer pergunta que poderia levar a aspectos negativos quando o assunto é a marginalização da minoria de Shangaan na África do Sul.

No entanto, a estreia de Nozinja em Nova York é um grande acontecimento. Em 2011, quando, pela primeira vez, seu grupo de Shangaan fez uma turnê por 14 cidades europeias, o empresário e musicólogo Wills Glasspiegel descreveu a tour como um "momento histórico para a cultura Shangaan".

"Esse é o tipo de música e grupo étnico que vem sendo marginalizado há muitos anos no país", Glasspiegel disse à MTV Iggy. "É um som que os sul-africanos como um todo não levam a sério ou pensam em proteger".

Você pode repetir isso!", Nozinja fala gargalhando, esboçando um sorrisinho maroto enquanto passa a mão na barriga. "Estou honrado".

Tirando o pós dos tesouros setentistas da disco africana

O produtor de 45 anos que atende pelo nome de Richard Mthetwa, é o mestre do Shangaan electro - um som vertiginoso que induz a arritmia e que, curiosamente, possui poucas linhas de baixo e foi inspirado na música do povo de Shangaan, um grupo étnico na África do Sul. Substituindo a instrumentação ao vivo tradicional por drum machines, sequenciadores e teclados MIDI, Nozinja basicamente criou o gênero enquanto tabalhava em uma loja de reparos de celular em Soweto, lançando discos pela sua própria label.

Foto por Drew Gurian / Red Bull Content Pool

Em junho próximo, o LP de estreia do Nozinja, o Nozinja Lodge, será lançado pela Warp Records - um indício de quão enorme o Shangaan electro se tornou. No entanto, é evidente que Nozinja ainda está abismado com seu próprio impacto. Em Nova York pela primeira vez para abrir o Electronic Africa, o primeiro evento do festival da Red Bull Music Academy, ele passa a maior parte da nossa conversa rindo do fato de ser constantemente referido como o "Embaixador do Shangaan".

"Ser homenageado não é algo que você escolhe", fala Nozinja timidamente, tomando um gole do seu drink. "Você tem que deixar rolar".

Nozinja descreve seu povo como "a nação mais acolhedora" da África do Sul - sua personalidade eufórica é claramente refletida nas suas produções futurísticas e technicolor. Acelerado até 189 BPM e destruidor, o Shangaan electro chegou a ser comparado com o footwork de Chicago - nesse mês, Nozinja até mesmo se juntou ao criador do footwork RP Boo para uma mix colaborativa.

Entretanto, ao contrário do que suas braçadeiras com penas de flamingo e calças roxas repletas de fitas sugeririam, Nozinja confessa que prefere "ficar no estúdio em vez de atrair olhares do público". Ele faz um gesto melancólico em direção ao estúdio várias vezes. "Olho para esse lugar, para esse estúdio, e fico tipo, porque eles não podem só... [me deixar fazer as paradas]?". Mais acostumado a ser um manipulador de fantoches do que o centro das atenções, ele ficou no fundo do palco durante seu show naquela noite, deixando os flashes neon das saias de xibelani de seus dançarinos serem o destaque da performance.

Dançarinos no show do Nozinja no festival Electronic Africa (Foto por Maria Jose Govea / Red Bull Content Pool)

Além de fazer sua própria música, Nozinja também é o produtor talentoso por trás do Tshetsha Boys, os astros de Shangaan que se apresentam como um grupo de palhaços vestindo macacões laranjas. Ele também atua como mentor para o pioneiro do gênero Bacardi House, DJ Spoko. Mais do que um astro da produção ou entidade de Shangaan, Nozinja se define como "um homem de negócios". Até o jeito como ele se coloca na nossa conversa exemplifica isso, a forma como ele habilmente foge de qualquer pergunta que poderia levar a aspectos negativos quando o assunto é a marginalização da minoria de Shangaan na África do Sul.

No entanto, a estreia de Nozinja em Nova York é um grande acontecimento. Em 2011, quando, pela primeira vez, seu grupo de Shangaan fez uma turnê por 14 cidades europeias, o empresário e musicólogo Wills Glasspiegel descreveu a tour como um "momento histórico para a cultura Shangaan".

"Esse é o tipo de música e grupo étnico que vem sendo marginalizado há muitos anos no país", Glasspiegel disse à MTV Iggy. "É um som que os sul-africanos como um todo não levam a sério ou pensam em proteger".

Na verdade, o mais próximo que chegamos a essa questão é quando pergunto sobre a visibilidade de Shangaan na mídia local, e ele admite ser pequena.

"Gostaria que tivéssemos mais espaço... especialmente na TV", ele fala cuidadosamente. "Apenas uma rádio toca nossa música... da próxima vez, esperamos que o governo promova nosso som na TV".

Porém, esperamos que tudo isso mude em breve. Nozinja diz que seu lançamento pela Warp e viagens internacionais já têm aumentado a presença Shangaan - um feito que ele diz ser facilmente expressado por um ditado popular que, traduzido, seria mais ou menos "deixar meu trabalho falar por si próprio".

"Estou nessa com o orgulho pela minha nação nas minhas costas", ele suspira feliz, me dando um grande abraço enquanto nos despedimos. "Mostrar minha música ao mundo, e também que somos um povo global... Me deixa muito, muito feliz".

Nozinja Lodge será lançado dia 2 de junho pela Warp

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Tradução: Stefania Cannone

Na verdade, o mais próximo que chegamos a essa questão é quando pergunto sobre a visibilidade de Shangaan na mídia local, e ele admite ser pequena.

"Gostaria que tivéssemos mais espaço… especialmente na TV", ele fala cuidadosamente. "Apenas uma rádio toca nossa música… da próxima vez, esperamos que o governo promova nosso som na TV".

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Porém, esperamos que tudo isso mude em breve. Nozinja diz que seu lançamento pela Warp e viagens internacionais já têm aumentado a presença Shangaan - um feito que ele diz ser facilmente expressado por um ditado popular que, traduzido, seria mais ou menos "deixar meu trabalho falar por si próprio".

"Estou nessa com o orgulho pela minha nação nas minhas costas", ele suspira feliz, me dando um grande abraço enquanto nos despedimos. "Mostrar minha música ao mundo, e também que somos um povo global… Me deixa muito, muito feliz".

Nozinja Lodge será lançado dia 2 de junho pela Warp

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Tradução: Stefania Cannone