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Música

DJ Marky Estreia Parceria da Skol Beats com o Boiler Room

Ele é o maior DJ do Brasil e vai segurar um set de três horas nesta terça (6), com transmissão ao vivo e online.

O Boiler Room e a Skol Beats uniram forças numa parceria que chega para sublinhar a importância de alguns dos melhores DJs da música eletrônica brasileira. Então, se prepara pra curtir uma série de sessions responsa, com transmissão ao vivo pela internet, só feras. Para inaugurar o ciclo, o escolhido é ninguém menos do que o Maior DJ do Brasil: DJ Marky. Ele é um verdadeiro poço de referências musicais ambulante e exímio na arte de manter qualquer pista no auge do começo ao fim de seus sets. Precursor e disseminador do drum'n'bass e suas variações no Brasil e na Europa, Marky vai mandar um som direto de seu apê, três horas ao vivo, tendo ao alcance das mãos os itens de sua rica coleção de discos, composta por cerca de 30 mil bolachas.

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Liguei pra ele a fim de bater um papo rápido, para adiantar o que se pode esperar da apresentação no Boiler Room. Daí que o cara estava meio atribulado, levando seu filho pra escola, mas topou falar de boa e se mostrou animado com a parada toda. Leia a entrevista na sequência e, não esquece:

O rolê começa às 18h desta terça, 6 de maio, ok? O set de três horas será transmitido para Brasil, Reino Unido, México, Estados Unidos, Rússia, Austrália e Japão. Você poderá acompanhar lá na página do Boiler Room e da Skol Beats.

THUMP: É claro que você já deve estar acostumado, mas, geralmente, quando você pega um set longo como este para fazer, qual a primeira coisa que você precisa definir? Uma temática? Um clima? Um ritmo que vai prevalecer?
Marky: Olha, na verdade eu nunca bolo nada antes, geralmente eu escolho uma faixa pra começar e vou construindo uma história a partir disso. Essa foi uma das primeiras lições que aprendi no início da minha carreira. Naquela época, 20 e poucos anos atrás, quando consegui um esquema pra tocar pela primeira vez fixo num club, eu fui demitido justamente porque eu chegava lá com um set programado e isso não dava muito resultado.

Esse set, em especial, vai ser focado nos sons que marcaram a sua carreira? Ou suas influências pessoais, nessas pouco mais de duas décadas de pista?
Bem, o legal dessa experiência é que eu vou estar totalmente à vontade no meu apartamento, então minhas opções serão muito amplas, porque em casa eu guardo mais de 30 mil discos. Acho que essa foi mais ou menos a ideia que fez o pessoal do Boiler Room querer me convidar pra participar, pensando nessa coisa inusitada e bem introspectiva.

Legal isso, porque quando você toca num club ou festival, é comum levar em conta a reação do público ao que você está virando ali, e cada sequência do set se constrói a partir desse feedback, não é? Então essa apresentação tem tudo pra ficar marcada na história.
Para não dizer que não tenho nada planejado, meu parâmetro é fazer uma coisa meio três sets em um. Ou seja, selecionar nessa coleção toda as minhas influências/inspiração – que podem ir do soul ao funk, passando pelo rock, reggae, jazz, além da eletrônica –, depois as músicas que ilustram os clássicos da minha carreira, sons do período ali entre 90 e 98, e os sons nos quais estou apostando no momento.

O que te mantém como um artista relevante num cenário eletrônico atualmente apegado a rótulos?
Existem alguns campos de atuação para um DJ. Então tem os que se assumem como meros animadores de festa, o que acaba sendo algo parecido com o que aqueles caras que discotecam em casamento fazem. Tem o sujeito que vive de hits, ele pega as músicas que são a sensação do momento e se faz em cima disso. E tem o que eu faço: acredito na profissão de DJ como algo de contemplação da música, algo até educativo. Eu acreditei em um estilo desde o começo da minha carreira e segui com isso. Vou assimilando coisas novas e antigas ao drum'n'bass, à disco, ao deep house, techno, com coisas que eu acho que tem conteúdo de informação musical. Dentro de cada gênero existem músicas e MÚSICAS. Tem gente que acha que salsa ou latin music é Ricky Martin. Mas se você pegar os clássicos dos anos 60/70, tem muita coisa boa para pesquisar, explorar e integrar. Quando no passado eu combinei drum'n'bas com samba, apareceu gente querendo rotular de "Brazilian D'n'B", mas não, é apenas uma das experimentações que se pode fazer com a batida, tanto quanto o jungle nasceu de uma brincadeira com a dinâmica do tempo musical da música hip-hop norte-americana.