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Entretenimento

O Rob Zombie odeia o Natal

Conversamos sobre seu novo filme, Natal e palhaços malignos.

Rob Zombie é um homem renascentista gore.

Parece que ele está sempre fazendo alguma coisa. Quando não está em turnê tocando as músicas que vem criando desde os anos 80, bom, ele está fazendo um filme. Desde a virada do milênio, Zombie lançou cinco discos de estúdio, dois álbuns ao vivo e dirigiu seis longas.

Sério, é muita coisa para um cara só fazer.

Seu filme mais recente, 31, estreou no Sundance este ano é conta uma história sangrenta, óbvio, sobre funcionários de um parque de diversão e, francamente, é de foder a cabeça. O filme está disponível no Shudder, um serviço de streaming focado em filmes de terror.

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Conversamos com Zombie sobre seu novo filme, Natal e palhaços malignos.

VICE: Como você classificaria 31 entre seus outros filmes?
Rob Zombie: É um retorno ao básico para mim. Eu queria fazer um filme simples, violento e bem cru. O último filme que fiz era como uma ópera em fogo baixo, e eu só queria fazer um filme pé no chão e bizarro agora.

Para comemorar a estreia de 31 no Shudder, você fez uma lista de filmes para eles. Tem Nosferatu de Herzog, o Assalto à 13ª DP original, Holocausto Canibal e alguns outros. Como você escolheu os filmes para essa lista?
Escolhi aqueles que se destacavam para mim. Adoro Herzog, e sempre amei o Nosferatu de Kinski, e lembro de ter assistido Assalto à 13ª DP e pensado "Que filme massa".

Holocausto Canibal, lembro de assistir esse filme pela primeira vez na 42nd Street em Nova York nos anos 80, quando o lugar abriu, e eu não estava preparado. Nunca vi um filme nem remotamente tão violento e insano como aquele, aquele filme é simplesmente doente.

Lembro a primeira vez que assisti, eu tinha 15 anos, foi em algum canal bizarro ou algo assim, e o filme me derrubou.
Sim, é muito intenso. Especialmente porque, sabe, o filme era novo, e na época um filme desses levava uma eternidade para estrear em qualquer lugar, então eles passavam em cinemas escrotos. Aí você assistia essas coisas e pensava "Caralho! Isso é real? Que merda é essa que estou assistindo?".

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Antes você disse que queria fazer um filme simples e violento, e Holocausto Canibal com certeza entra nesta categoria.
Bom, sempre teve duas facções no gênero de terror que me atraem, a primeira são coisas superclássicas dos anos 30. Essas foram as primeiras coisas a que fui exposto; Frankenstein, Drácula, King Kong e coisas dessa natureza. Adoro essas coisas. Aí a próxima onda que realmente me atingiu foi nos anos 70, quando as coisas ficaram realmente escabrosas. O Massacre da Serra Elétrica, Aniversário Macabro, Quadrilha de Sádicos e Despertar dos Mortos me pegaram na hora certa. Um quando eu estava no jardim de infância, um quando eu estava no colegial, e sim, eles grudaram na minha cabeça.

Still de 31.

Qual a diferença entre fazer um filme em fogo baixo como seu último e um filme extremamente violento como 31?
Quando algo é muito tenso e cheio de ação, acho que o ritmo no set e as pessoas acompanham. Todo mundo pensa "OK, a câmera está rodando, todo mundo está se mexendo, as pessoas estão ligando as motosserras". Todo mundo é pego pela adrenalina e o que está acontecendo. Mas quando você faz algo como As Senhoras de Salem, eu dizia coisas como "Não, vocês estão indo muito rápido, vai mais devagar com a câmera". Acho que o departamento dos câmeras não sentia que estava fazendo muita coisa.

Geralmente acho um trecho de música, toco o trecho e eles movem a câmera no ritmo, aí todo mundo sente o clima. É uma mentalidade diferente. As coisas mais rápidas e cruas parecem mais com a vida real; são as outras coisas que você tem que ter um toque de percepção para entrar no clima.

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Algumas pessoas ligaram o marketing de 31 aos aparecimentos recentes de palhaços bizarros. Tem alguma verdade nisso?
É verdade que as pessoas ligaram isso ao filme, mas não é verdade que isso era realmente nossa campanha de marketing, entende o que eu digo?

Quer dizer, os palhaços sempre estiveram por aí. Não sei o que é essa coisa dos palhaços agora. Eu estava muito ocupado para prestar atenção nisso. Isso acabou virando aquela coisa onde quanto mais pessoas mencionam o assunto, menos eu quero saber.

Acho que toda coisinha acaba virando uma histeria em massa. A nova onda de notícias da internet misturadas com notícias falsas, não aguento mais isso. É uma grande descarga de merda o dia inteiro.

O seu amor pelo terror aparece no jeito como você comemora o Natal?
Acho que não. [ Risos]

Às vezes acho que quero fazer um filme de Natal, mas aí lembro que depois de fazer dois filmes de Halloween, isso estragou a data para mim, porque foram três anos de Halloween direto – Halloween todo dia – e, honestamente, não sou muito fã de Natal.

Não?
Não sou fã do Natal. Parece horrível, mas esse ataque incessante de comerciais e consumismo me dá nojo. O Natal é o feriado mais merda já criado.

Você disse que às vezes quer fazer um filme de Natal. Seria um filme tipo Um Herói de Brinquedo?
Não sei como seria. Nunca pensei realmente nisso. Acho que seria algo incidental, um filme como Rejeitados pelo Diabo, o mesmo tipo de filme, mas por acaso passado no Natal.

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Tipo Duro de Matar?
Sim, como se o Natal não tivesse nada a ver com o filme, mas é legal que aconteça durante o Natal.

Você já teve problemas para equilibrar música e cinema?
É um desafio, porque essas coisas tomam muito tempo. Os filmes exigem muito tempo para fazer, mesmo os de baixo orçamento, do momento que você começa até terminar, sabe, leva tipo uns dois anos.

Não gosto de ficar fora da estrada e fora da música por dois anos, então fico pulando de uma coisa pra outra. Tipo, vou terminar de filmar e talvez saia em turnê por um tempo, volto para editar o filme, volto para a turnê, volto para fazer a cor do filme e a pós-produção. Sempre em movimento.

É um negócio meio frenético, com certeza.

O que vem agora?
Estou trabalhando em alguns roteiros, e temos alguns roteiros prontos rodando por aí. Preciso fazer um disco novo em algum momento, então não sei o que vem agora. Acabei de fazer os últimos shows do ano algumas semanas atrás, então vou pegar leve no próximo mês, tentando descobrir o que vou fazer agora.

Esta entrevista foi editada para dar maior clareza.

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Tradução: Marina Schnoor

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