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Música

Tem um Novo Serviço de Streaming de Música que Promete Não Sacanear os Artistas

O Bandcamp vai colocar no ar um serviço de música online e downloads para fãs dispostos a pagar por uma assinatura mensal. Será que funciona?

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Não é preciso dizer que velhas instituições da indústria musical – lojas de discos, paradas de sucesso, vinis, fitas cassete e CDs – estão caindo no esquecimento. No lugar delas agora estão serviços de streaming com nomes bizarros, por meio dos quais, cada vez mais, descobrimos e compartilhamos música nova: Spotify, Pandora, Songza, Google Play, a iminente plataforma da Apple, Beats, e o recém-anunciado Key Music do YouTube.

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Esses sites e aplicativos são ótimos para os usuários, que têm acesso a bibliotecas gigantes de música sem (na maioria dos casos) pagar muito pelo privilégio. Mas os críticos dizem que os artistas não ganham quase nada com o streaming das suas músicas; como se sabe, a Taylor Swift removeu suas músicas do Spotify este ano porque sentiu que o seu trabalho não era valorizado sendo apenas parte de uma biblioteca de streaming. Outros artistas provavelmente se sentem do mesmo jeito, embora não tenham o luxo de Swift de vender milhões de discos com ou sem o Spotify.

Neste cenário pouco amigável para os músicos, o Bandcamp – um site usado por muitos artistas e selos independentes – está entrando no mercado de streaming com um modelo que a empresa de seis anos de idade espera que vá mudar as regras do jogo.

Anunciado oficialmente em 11 de novembro, na conferência do SF MusicTech Summit, o plano é permitir que as bandas elaborem um serviço de assinatura personalizado de streaming e download para os seus fãs. Enquanto o Bandcamp anteriormente permitia aos artistas estipular o valor cobrado pela sua música, este novo serviço, ainda sem nome – que está pra ser lançado em modo beta – irá permitir a eles criar pacotes de assinatura exclusivos em que os fãs paguem uma quantia determinada pela banda e, em troca, possam fazer o streaming de músicas novas no momento em que forem lançadas pelo aplicativo do Bandcamp. Mais importante, o site só deve abocanhar uma fatia de 15% do lucro, que cai para 10% assim que o artista atingir US$ 5 mil em vendas.

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"É meio como aquilo que o U2 e a Apple fizeram, mas com música que você quer de verdade!", disse ao Guardian o fundador do Bandcamp, Ethan Diamond. Um comparativo melhor pode ser a nova opção On Demand do Vimeo, ou mesmo uma campanha de crowdfunding no Kickstarter – se uma banda conseguir apenas algumas centenas de fãs dispostos a pagar por uma assinatura mensal, hipoteticamente terá menos problemas em conseguir pagar a gravação de um disco e lançar músicas regularmente, que irão para as mãos dos fãs no segundo em que forem lançadas.

"Você poderia chamar isso de streaming à la carte, apesar de soar péssimo e eu não gostar desse termo", Diamond me disse por telefone. O fundador do Bandcamp enfatizou que este não é só um jeito de as pessoas conseguirem música nova, mas um jeito de os artistas alcançarem diretamente quem os ama.

"Os artistas sentem que há uma competição nas redes sociais, em chegar até os seus fãs usando o Facebook ou o Twitter", ele disse. "Volta e meia tem a merda do post patrocinado, as coisas ficam escondidas e as pessoas podem enganar o sistema. Queríamos que os artistas soubessem que, se os fãs assinarem o seu conteúdo, eles podem postar mensagens e fotos diretamente para os assinantes por meio do aplicativo".

Mas restam muitas outras questões sobre como tudo isto vai funcionar – para começar, qualquer banda que queira tirar proveito disto já precisa ter fãs dispostos a gastar algum dinheiro todo mês pela promessa de novas músicas, mensagens e fotos.

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"Não parece algo que vá servir para um artista iniciante, mas sim para o artista que já tem um número enorme de seguidores e não precisa necessariamente deste impulso nas vendas digitais", diz Jake Acosta, dono e fundador da Lake Paradise, gravadora independente de Chicago, que me disse que não usa nenhum serviço de música digital além do Bandcamp. "Acho que não vejo isso como algo muito inovador".

Ric Leichtung, co-fundador do site de música AdHoc, disse que fãs e artistas teriam muito a ganhar com um serviço como este, mas questionou se as bandas lançariam músicas boas o suficiente para fazê-lo valer a pena para os assinantes.

"Não há dúvida de que o Bandcamp é capaz de construir uma excelente plataforma para artistas que lançam suas próprias músicas, mas o que ainda está para ser visto é se eles irão usá-la adequadamente", ele me disse por e-mail. "Lançar conteúdo de qualidade ao longo de um período consistente de tempo é difícil, e é uma possibilidade muito real que o grosso do material lançado via assinatura acabe sendo de baixa qualidade, o que irá alienar apoiadores potenciais de utilizar o serviço como um todo".

Acosta concordou, acrescentando que o serviço poderia "gerar pressão sobre os artistas para produzir, mesmo quando ainda não estão prontos". "Se os fãs estão pagando uma certa quantia por mês ou por ano, esperando material novo, então isso entra em jogo no processo criativo. Não parece orgânico".

Realisticamente falando, os artistas provavelmente não irão cobrar dos seus fãs uma assinatura a menos que planejem criar e gravar material de maneira relativamente frequente – e os fãs dispostos a pagar por música dessa forma provavelmente serão atraídos pela ideia altruísta de apoiar artistas e não exigir faixas novas a cada 30 dias.

"Não acho que assinaturas sejam adequadas para todos os artistas", disse Diamond. "Não são todos os artistas que desejam disponibilizar tudo o que têm imediatamente. E não tem problema algum nisso, algumas pessoas só criam de uma maneira que não é muito adequada ao modelo de assinatura. Há artistas que querem compartilhar o seu processo criativo – talvez lançar coisas mais frequentemente. Para essas pessoas, queremos dar a opção de se conectarem aos fãs e dar a eles algo em retribuição.

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