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Música

Música: Alpha

Como fazer, em 2012, um disco de trip-hop que não seja apenas insuportável?

Eleventh Trip Edition
Don’t Touch / Rush! Production / AWDR/LR2
7/10 Como fazer, em 2012, um disco de trip-hop que não seja apenas insuportável? Parece uma missão impossível, mas é superada nas mãos dos Alpha, que a seu favor terão pelo menos a ginástica de quem lança um disco a cada dois anos. O facto dos Alpha serem de Bristol significa também que Corin Dingley e o seu elenco de vocalistas terão chegado pelo menos ao bacharelato em Ciências Aplicadas do Trip-Hop de Escola Portishead e Massive Attack. Tal como alguém nascido em Almada saberá mexer numa arma por volta dos oito anos, os Alpha estavam obrigados a combinar batidas lentas com vozes femininas, como se tivessem comido isso ao pequeno-almoço desde sempre. O novo Eleventh Trip, aqui surgido na sua versão japonesa com um segundo disco de remisturas e o Edition no título, tem tudo para confirmar os Alpha como uns dos poucos herdeiros ainda capazes de levar o trip-hop a algum lado, que não seja aos festivais portugueses de seis em seis meses. Além da bonita capa com um caldo na colher, Eleventh Trip tem umas quantas malhas fabulosas para ver uma ucraniana a abanar as mamas num daqueles sítios com muitos varões e com a cerveja a quatro euros. O disco passa ainda por um par de apoteoses ao estilo dos Cinematic Orchestra, inclui uma conversa com um velhinho artista e, perto do fim, surpreende com uma canção chamada “Lisbon”, que trata de duas ou mais pessoas que se apaixonaram em Lisboa e provavelmente foram rebolar para o jardim do Príncipe Real. Se não simpatizarem muito com toda esta doçura, procurem umas quantas fotografias da Hannah Collins (que canta em cinco faixas) e vai tudo correr melhor.