Raleigh Ritchie, o Verme Cinzento de 'Game of Thrones', também é compositor de pop alternativo

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Raleigh Ritchie, o Verme Cinzento de 'Game of Thrones', também é compositor de pop alternativo

Conversamos com o ator inglês Jacob Anderson, que entre uma matança teledramatúrgica e outra, escreve e canta baladas pop.

Este artigo foi publicado originalmente no Noisey Holanda e traduzida do inglês.

Se você clicou neste artigo, sua vida provavelmente gira em torno de uma só coisa no presente momento: o final aterrador da sétima temporada de Game of Thrones. Depois de cada episódio, você entra no vórtice dos fóruns sobre Westeros para analisar o simbolismo oculto. É assim que eu passo o meu tempo, pelo menos.

Então toma aqui uma curiosidade: o Verme Cinzento, cujo nome verdadeiro é Jacob Anderson, faz música pop alternativa quando não está ocupado demais matando Lannisters. Enquanto músico, ele atende por Raleigh Ritchie, e manda bem pra caralho! Na série, ele interpreta uma figura estoica com dificuldades para se expressar, mas fora do personagem Anderson tem uma voz de anjo e conta bastante da própria vida em suas músicas.

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Com o segundo álbum a caminho, decidimos chamar Raleigh Ritchie e conversar com ele sobre suas carreiras distintas, suas inseguranças e os raps da Khaleesi.

Noisey: Quem veio primeiro: o ator ou o músico?
Raleigh Ritchie: O músico. Capaz que isto soe tosco, mas quando eu era pequeno, o que eu mais queria era realizar. Não importava o quê. Até onde lembro, sempre amei filmes, de um jeitinho meio nerd.

Por favor, ilustre a sua nerdice.
Sempre adorei ir ao cinema, por exemplo. Eu escrevia artigos extensos sobre filmes para convencer a minha mãe a me levar a certas sessões. Explicava por que eram bons, o que diziam os críticos, coisa e tal. Quando eu tinha 14 anos, alugamos Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, crentes de que era uma nova comédia com o Jim Carrey. Mas não era nada disso, e o filme mudou a minha visão de mundo. Até aquele momento, eu não sabia que queria fazer algo grandioso. Quando subiram os créditos, chorei um pouco e coloquei o filme para ver de novo, logo em seguida.
Aconteceu a mesma coisa com a minha paixão pela música quando ouvi o Innervisions, do Stevie Wonder. Se for parar para pensar, acho que comecei a fazer música primeiro porque é um caminho mais fácil na adolescência. Dá para compor uma música no quarto. Já dirigir um filme é um pouco mais complicado hahaha.

Agora você faz as duas coisas. É difícil combinar as carreiras?
Para falar a verdade, não. Na maior parte do tempo, estou ocupado compondo e gravando. Levam seis meses para filmar uma temporada de Game of Thrones, mas só participo durante duas semanas. No fim das contas, não afeta muito a minha agenda.

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Em outras entrevistas, você comentou que atuar em Game of Thrones ajudou a sua carreira musical, e também a prejudicou.
No início, foi um caminho pedregoso. Na mesma semana em que fechei um contrato de gravação com a Sony, descobri que consegui o papel [de Verme Cinzento] em Game of Thrones. Pedregoso? Parece ter sido uma semana incrível!
Pode até parecer, mas pensei: Merda! A imprensa britânica adora jogar confete nas pessoas, só para depois destruí-las. Fiquei com receio de perder credibilidade como músico com o papel. Queria lançar minha música sem ter meu rosto atrelado a ela, sem que as pessoas pensassem que era um complemento qualquer para massagear o meu ego, embora tivesse dado duro para chegar até ali.
Hoje já não me importo tanto. Acho que minha idade, na época, contribuiu bastante para minha postura. Todo jovem de vinte e poucos anos teme não ser aceito.

Foto: Louis Browne

Alguém já o levou menos a sério por conta do papel em Game of Thrones ?
Não quero soar amargo, não me arrependo de nada. Tenho uma baita sorte, é evidente, mas algumas estações de rádio se recusam a tocar [minha música] porque, para eles, não passo de um rostinho de Game of Thrones. Mas o que me resta fazer? Tudo que eu quero é compor músicas bonitas, e se você estiver a fim de escutar, sinta-se à vontade. Se não, beleza. É… Jesus, estou me sentindo meio Morrissey agora. Ele é sempre tão sério nas entrevistas. Não é isso que quero para mim. Não me levo tão a sério assim. Mesmo. Isso tudo veio da sensação de insegurança comum à idade.

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Demoramos para agendarmos esta entrevista porque você estava trancafiado no estúdio. O que você está fazendo agora?
Estou trabalhando no meu segundo álbum. Não tem data de lançamento ainda, nada do tipo, mas a base já está pronta, e acho que não falta muita coisa. Tô no lucro, porque não imaginei que chegaria tão longe.

Por que você achava que não seria capaz de gravar um segundo álbum?
Dizem que o segundo álbum é o mais difícil. Assino embaixo. Tentei contar a minha história em You're a Man Now, Boy, meu primeiro álbum. Compartilhei muitas coisas pessoais, e fiquei com a sensação de que não tinha mais o que dizer. Bobagem, claro. Tenho muito o que dizer, mas foi um caminho e tanto até compreender minha nova história.

É um álbum sobre fazer 27 anos, e também representa a minha perspectiva sobre tudo que está acontecendo no mundo agora. Não quero pregar política; não curto muito essa onda. Mas o caos me afeta, sem dúvidas.

Como é ter 27 anos?
[Risos] Sempre tive medo dessa idade. Por alguma razão, via esse ano como uma maré de azar. Achava que teria que tomar cuidado para não morrer, coisas assim.

Ah, você se refere àquela maldição dos músicos, de morrer aos 27. Você é supersticioso?
Quero responder que não, mas depois de ter dito isso, não vai soar lá muito convincente. Sou supersticioso com coisinhas pontuais, engraçadas.

Outra coisa: quem tem o gosto musical mais bizarro no elenco de Game of Thrones?
[Risos] Boa pergunta. Na real, não sei. Bom, a Emilia Clarke [que faz o papel de Daenerys Targaryen] costuma mandar uns raps durante as filmagens. Ela fica em chamas! Não chega a ser bizarro, mas não é o que esperam dela. Ela manja muito de grime, rap e hip hop.

Você sabe se seu personagem vai sobreviver?
[Risos] Cara, não posso falar sobre isso.