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Música

15 Anos no Ar: Tim Sweeney Relembra a História do Beats in Space

A história da rádio que acompanhou as mudanças da indústria da música e suas novidades: selo, turnê e coletânea. Se liga.

Digam o que quiserem sobre a longa sucessão de "mortes" na história das mídias – a internet matou o vídeo que matou o rádio que matou o telegrama que matou a arte rupestre e assim por diante. A verdade é que estações de rádio baseadas na Internet, como a NTS e a Rinse FM, assim como os sites de streaming ao vivo como o Boiler Room, seus parentes próximos, atualmente dominam a cena de dance music. Essas plataformas são os lugares mais acessíveis para descobrir música underground dos cantos mais remotos do globo. Essas plataformas representam o futuro.

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O que todas elas têm em comum: um ethos derivado do programa de rádio seminal de Tim Sweeney, Beats in Space. 2014 marca o 15o aniversário desde que Sweeney entrou no ar na WNYU 89.1, em 1999, quando ainda era um calouro da Universidade de Nova York. O programa tem sido merecidamente celebrado pelo seu tempo de existência surpreendentemente longo. Toda terça-feira à noite, das 22h30 até a 1h, Sweeney incansavelmente usou o seu tempo no ar para mostrar os mais novos e estranhos talentos do mundo da música eletrônica, com uma forte inclinação para a disco music. Todo mundo, de Jacques Greene a San Soda, de DJ Harvey a Juan Atkins, passou pela rádio para conversar com Sweeney ao longo dos anos.

Então como ele consegue – sem ficar cansado, entediado ou simplesmente esgotado? Sweeney afirma que o segredo para a longevidade de seu programa é a própria música – sempre uma mistura de coisas que normalmente você jamais ouviria no rádio. Esse ethos veio diretamente de ouvir programas de rádio piratas na infância. "Lembro do meu irmão voltando da Europa com gravações de mix shows de Londres. Adorei isso", ele diz. "Toda cidade tem a sua própria cena, e esses programas de rádio [piratas] são como túneis para essas cenas".

O mundo pré-streaming era um lugar obscuro para pessoas que não tinham acesso a lojas de discos ou recursos para comprar música, e é por isso que o Beats in Space era uma fonte tão seminal de descoberta para tantos. "Comecei gravando sets em fitas cassete e depois em fitas DAT, depois mini discs, depois CD-Rs, e por fim em HDs externos", lembra Sweeney. "O programa acompanhou o que aconteceu na indústria".

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Com uma história tão longa, é inevitável que Sweeney tenha feito alguns amigos – e inimigos. Quando o Beats in Space migrou da AM para a FM, na WNYU, Sweeney abriu uma linha direta para lidar com o volume maior de chamadas telefônicas. Foi assim que ele conheceu um ouvinte conhecido (hoje infamemente) apenas como "Victor de Washington Heights". Victor é possivelmente um dos maiores críticos do Beats in Space. Descrito por outro ouvinte como "mais teimoso do que um homem de uma perna só em uma competição de chutar baldes", Victor se tornou notório por inundar a linha do Beats in Space com mensagens raivosas, criticando Sweeney pela sua "falta de consistência" – ou apenas ameaçando cortar fora as bolas dele. Victor e o apresentador finalmente conversaram ao vivo no programa em janeiro de 2013.

"Eu tinha medo de que ele fosse atirar na minha cabeça pelas costas na saída da rádio", confessa Sweeney. "Mas está tudo bem. Ele moderou um pouco o discurso desde que o entrevistei ao vivo no programa. Ele é um verdadeiro personagem, um verdadeiro personagem de Nova York".

Outro "personagem de Nova York" influente no Beats in Space, embora de um jeito muito diferente, foi James Murphy, do LCD Soundsystem. Como estagiário da DFA Records, no começo dos 2000, Sweeney pode conhecer Murphy e equipe justo quando a icônica gravadora estava começando a decolar. Aos 18 anos, ele começou a discotecar no agora falecido Plant Bar, no Lower East Side – muito frequentado pelo pessoal da DFA. Sweeney eventualmente ganhou reputação pela sua admirável habilidade como DJ, e se tornou residente das festas do selo. (Você também pode ouvir Sweeney tocando saxofone do remix da DFA de "Dance to the Underground", do Radio 4.)

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Depois de anos tocando material inédito para uma audiência internacional, inclusive de artistas que depois foram contratados por outras gravadoras, Sweeney decidiu lançar a Beats in Space Records em 2009. Ter um selo próprio era a extensão lógica do programa de rádio, além de uma saída prática para lançar as faixas que ele ama. Para além da direção artística de músicos e repertório, Sweeney administra todas as operações da gravadora do seu apartamento no Brooklyn. Mas ele explica que "não é só cocaína e prostitutas. É mais lágrimas do que qualquer outra coisa".

Lágrimas de… alegria?

"Principalmente quando você vê o disco acabado, é quando o vê como algo especial. Ainda mais com o vinil, que você pode tocar e sentir o empenho que dedicou a ele. É ter esta 'coisa'", diz Sweeney. Com dois novos 12'' de Lauer e Guido e uma coletânea a caminho para o 15o aniversário, o futuro do selo com certeza parece promissor.

Para celebrar o aniversário de 15 anos do Beats in Space, Sweeney também está planejando uma turnê mundial, com paradas no Japão, México, Europa e, finalmente, no Brooklyn, em Nova York. Por último, Sweeney diz que a principal razão por que ele mantém um entusiasmo incansável pelo Beats in Space é porque o programa continua tomando novos rumos. Há apenas algumas semanas, por exemplo, ele recebeu no estúdio Daniele Baldelli, um dos fundadores da cosmic disco, durante a primeira viagem dele a Nova York. "Ele detonou, foi incrível", diz Sweeney com um sorriso. "É mais ou menos assim o tempo todo, algo novo".

Siga Bryce Kervin aqui: @Bryce_IRL

Tradução: Fernanda Botta