Este é um conteúdo publieditorial criado pela VICE em parceria com Absolut Vodka.
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DJ Mau Mau: Antes de começar a discotecar, eu era dançarino de break. Eu fazia street dance, dançava na São Bento [a praça no centro de SP, considerada por muito o berço do street culture da cidade]. Então eu tinha uma coisa muito forte com o hip-hop. Na verdade, eu sempre fui eclético, sempre curti tudo. Por exemplo, na minha infância, eu cresci ouvindo rock progressivo com o meu irmão. Nunca fui radical com estilos. Sempre tentei absorver tudo e captar o melhor de cada. E quando eu dançava break, fiz vários shows, participei de grupos, espetáculos.Você se afastou do hip-hop depois que começou a tocar techno no Hell's Club?
Na época do Hell's, que era segmentado pro techno, eu ainda tocava em noite de hip-hop, em outros clubes, pra outra galera. Fazia também noite de house. Sempre acreditei que dá pra fazer diferente procurando o melhor de cada estilo, pra não ficar limitado. Mesmo no Hell's, eu começava os sets com algo mais tranquilo. Tocava aquele techno pesado da época, mas também tocava outras coisas.Sua carreira como DJ profissional começou aonde e tocando o quê, exatamente?
Eu comecei discotecando rock, rock alternativo e EBM no Madame Satã. Iniciei lá, acompanhando esse estilo que já estava um pouco desgastado na época. Já não era novidade, foi uma época em que o Madame perdeu um público, no comecinho de 96. Entrei tocando essas coisas, mas já pensando em mudar aos poucos pras coisas que estavam pegando na época. Estava no auge o hip hop, que era uma coisa muito diferente do que aquilo que tocava no Madame Satã, e estava explodindo também o acid house pela Europa. Aí eu comecei a introduzir essas coisas no meio da seleção de rock.
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Lembro, sim: LL Cool Jay, Run DMC e Beastie Boys. Esses artistas estavam no auge na época e não tinha lugar em São Paulo que tocasse a não ser o Cais, que tinha o Arthur Veríssimo e o Zegon tocando hip hop. E eu me lembro que a primeira vez que toquei isso no Madame o pessoal achou ruim, foi uma coisa… Mas com o tempo foi rolando e consegui levar um público novo pro Madame. Aí nessas eu acompanhei toda a evolução da música eletrônica por aqui, pois meu trabalho sempre foi ligado a novas tendências. Então eu acompanhei o começo da house, do acid house, depois peguei o começo do techno, e até do trance, estilo que toquei no Sra. Krawitz.Como você se ligou que dava pra fazer dar certo uma noite só de música eletrônica em SP?
Quando fiz a minha primeira viagem pra Europa, caiu a ficha de que lá as noites eram mais segmentadas. Aí a ideia de fazer o after do Hell's foi justamente pra tentar criar uma festa só de música eletrônica. No primeiro ano do Hell's isso não deu muito certo, não, viu. Ainda tinha que dar uma misturada, tocar umas coisas que as pessoas já conheciam de outros lugares, pra pista funcionar. Mas depois a coisa engatou e explodiu. Teve também um fato importante no Hell's que eu acho que ajudou a consolidar o seu nome e atrair o interesse das pessoas pra saber o que acontecia lá, que foi o lance da moda envolvida com a marca Hell's. A gente teve a ideia de fazer uma marca de roupas, jaquetas… começou com uma camiseta e, de repente, já tinha uma coleção toda com a marca Hell's. E as pessoas começaram a enlouquecer. Foi um conjunto de ideias que fez acontecer.
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Já pro final do Hell's, o techno mais hard não era novidade. Mas aí o Hell's acabou e ficou essa imagem forte.Que sons que marcaram o período do Hell's na sua discotecagem?
"Rolling Scratchin", do Daft Punk, que virou hino no Hell's; "Galaxy 2 Galaxy", do Underground Resistance, que também virou hino no Hell's; e "Nervous Breakdown", do Ian Pooley, tech-house alemão da gravadora Force Inc., uma das pioneiras da vertente na época.ANDERSON NOISE
Anderson Noise: Na época do Manga eu estava num momento bom da carreira, era um momento bem legal. Comecei a tocar lá porque sempre tive muita amizade com os donos, eles gostavam muito do meu som, e também com o Claudinho I, que era o residente semanal. Esse relacionamento acabou dando na minha residência mensal. E era muito bacana porque o after hours rolava de sexta-feira, e, quando acabava, parecia que estava começando a semana, porque era pleno sábado. Isso era uma qualidade favorável da história. E a coisa do Manga Rosa era muito legal porque a galera era, pra época, totalmente diferente do pessoal que ia nos clubes que já faziam mais sucesso em São Paulo. Era um público bem diferente. Então era muito prazeroso tocar ali, naquela época em que a música eletrônica, o techno, estava forte no Brasil, logo depois do auge do drum'n'bass. Techno e trance.
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Eu acho que o Claudinho I e eu nos diferenciávamos mais pelo fato de que eu tocava um techno mais pesado do que o dele. Mas o techno dele era de muita qualidade.Quais eram as faixas mais recorrentes nos seus sets desse período no Manga?
Nessa época eu tocava Dave Angel, Chris Liebing, Marco Bailey e Futureheads bastante. Esses artistas eram os mais fortes e tudo isso entrava no meu set.Apesar de você ser de Belo Horizonte, durante o tempo em que foi residente do Manga você estava morando em São Paulo, não é?
Sim, é isso mesmo. Eu morei em São Paulo durante 12 anos, fiquei até 2013. Mas é como se eu ainda morasse, porque toda semana eu estou na cidade. Me considero um quase paulistano, porque eu adoro a cidade, já participei e estive em muitos clubes e festas de São Paulo. São Paulo é a cara do techno, essa coisa urbanoide combina muito.Que outras memórias positivas você tem do Manga Rosa?
Um lance legal do Manga Rosa é que eles também faziam festas fora do clube. Toquei numas quatro ou cinco festas dessas do Manga. Em galpões e espaços que eles alugavam.O seu set na #AbsolutNights vai ser mais nostálgico ou mais atual?
Vou tocar alguma coisa antiga, mas acho que o grande lance, também, é mostrar o som que estou tocando agora também, pra traçar um panorama de onde eu saí e aonde eu cheguei.—A #Absolut Nights reconstruiu o cenário do Hell's Club, idêntico ao que era nos anos 90, no Superloft, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.No dia 9/6, quinta, rolou a #AbsolutNights feat. Hell's, homenageando a balada Hell's. Uma galera conseguiu curtir, conhecer e relembrar um pouco de toda essa história. Mas a Absolut não parou por aí e reviveu por uma noite também o clima do Manga Rosa, que não deixou menos saudade.