O Music 2000 Era o Melhor (e Único) Jeito de Produzir Jungle no seu Playstation
Music 2000'

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Música

O Music 2000 Era o Melhor (e Único) Jeito de Produzir Jungle no seu Playstation

Você nem imaginava que o MTV Music Generator pudesse fazer os sons que listamos aqui.

Você se lembra de 1999? Daquela mistura efervescente de tensão e empolgação com a virada do milênio? Você se lembra do bug que ameaçava nos levar de volta para a idade da pedra? Da chegada do euro, do Ricky Martin nas paradas e tudo mais? Foi legal, não foi? Eram tempos tranquilos, antes de tudo virar uma merda absoluta e todo mundo começar a usar calças cargo. O momento mais importante de 1999 não foi a derrubada do presidente de Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, por um golpe militar, ou o Ole Gunnar Solskjær marcando o gol da vitória para o Manchester United na final da Liga dos Campeões contra o Bayern de Munique: foi o lançamento do Music 2000 para Playstation.

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O simulador de estúdio desenvolvido pela Jester Interactive e lançado pela Codemasters foi revolucionário, dando a milhões de nós uma ideia de como, na verdade, deve ser entediante pra caralho passar o dia inteiro fazendo música. Como jogo, ele era uma tortura: era complicado, difícil e travava o tempo todo. Como ferramenta, era maravilhoso.

Eu mesmo passei muitas horas da minha vida, entre a inocência da infância e a pretensão de experiência do começo da adolescência, brincando com o sampler embutido no jogo, tentando transformar fragmentos de um segundo da guitarra do Jack White em alguma coisa que não soasse como um fragmento de um segundo da guitarra do Jack White, sampleado numa qualidade tosca, sobre uma linha de bateria muito rudimentar.

A abordagem visual do Music 2000 à produção de conteúdo musical – tudo são blocos, barras e códigos coloridos – é instantaneamente familiar para quem passou algumas semanas da sua vida mexendo no Fruity Loops, madrugada adentro, tendo só um baseado como companhia. Ela transforma o ato complexo de criar em algo que é imediatamente compreensível e, em teoria, ao menos, fácil de aprender. O problema é que, para fazer alguma coisa, você tem que ter ideias em primeiro lugar. O que eu nunca tive, na verdade.

Claro, tentei misturar os riffs que já vinham com o jogo, criando aproximações tonais de música em vez de música propriamente dita, e sim, brinquei com o piano, criando melodias pontilhistas com samples rudimentares de notas de trompete, e sim, senhor, assumo que só no ano passado liguei o PS2 do meu colega de apartamento para tentar fazer uma faixa imitando o Burial com uma das muitas linhas vocais do jogo, mas, infelizmente, em todos os meus anos brincando com ele, nunca cheguei perto de terminar nada.

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Felizmente, tem gente por aí que teve mais inteligência do que eu, um pouco mais de paciência e, bem, um pouco mais de talento do que eu possuo. Esses mestres musicais superaram as limitações do sistema para fazer faixas que você nem imaginava que um simples console de 16 bits era capaz de produzir.

Para começar, confira esta tentativa sensacional de transpor o clássico do dreamhouse "Children", do Robert Miles, para a linguagem do Playstation. É uma tosqueira incrível, uma versão tocante e sombria de uma faixa de grande valor sentimental. Só tente não pensar em tudo que poderia ter sido alcançado no tempo que levou para o louco por trás dela tornar um sonho realidade.

Caralho, a próxima é foda. É techno digno de um Tresor feito em uma máquina lançada há 20 anos. Foda-se o seu 808, jogue a 303 no lixo. Te vejo na área vip da Berghain no domingo de manhã.

O Music 2000 não era bom só para faixas toscas de pista que soam como house com os pneus murchos. Embora o Dizzee Rascal tenha acabado com os rumores de que grande parte de Boy in Da Corner tenha sido feito no seu Playstation, tem alguns caras por aí que decidiram pensar além dos limites do 4/4. Para os meus ouvidos assumidamente ignorantes, isto soa tão bom quanto qualquer faixa jungle que eu tenha ouvido por uns 30 segundos antes de pular o mix do Ben UFO. Acho que isso é o que eles chamam de "roller". Acho.

Eu não sei quanto a você, mas estou indo para o lixão mais próximo para ver se consigo um Playstation velho antes de comprar seis latas de Stella e me trancar em casa para uma noite de caos musical. Hot Creations, prepare-se.

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Tradução: Fernanda Botta