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Música

As Dez Faixas Mais Broxantes da História da Dance Music

Para uma música soar sensual ela deve sugerir, não escancarar. Veja exemplos do que não se deve fazer nem dizer por aí, muito menos numa música.
Foto por Jake Lewis

Casas noturnas são espaços inerentemente sociais onde seres humanos, reunidos seja lá por qual motivo for, sentem-se atraídos por outros seres humanos. Duas pessoas que desenvolvem uma atração mútua em um espaço fechado, seja através da conversa ou da secação descarada, às vezes acabam transando. Isso é ciência.

Então acontece da música tocada nas boates – seja house, disco, drum and bass, gabber, breakcore, grime, R&B, indie pop, o que for – acabar sendo associada com sexo ou, provavelmente de forma mais realista, com a busca infrutífera por ele. Tudo, das batidas 4/4 do techno aos bass drops do dubstep, pode estar impregnados com suspiros eróticos. Mas esse é o problema – para efetivamente funcionar nesse sentido, uma faixa precisa sugerir o que pode acontecer depois, aludir a isso sem simplesmente gritar: "BORA TREPAR?". Coisas como "Nuthin", do Tyree, ou "Freeki M F", do Moodymann, podem não ser exatamente sutis, mas transmitem discretamente uma atração inegável.

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Infelizmente, o mesmo não pode ser dito das próximas dez faixas que, de diversas maneiras, se debatem entre a insinuação erótica e o exagero desbragado. Verdadeiras empata-foda das pistas, essas faixas provocam uma broxada instantânea e unânime.

THE HORRORIST - "ONE NIGHT IN NYC"

As músicas-com-história nunca decolaram na dance music, provavelmente porque a maioria dos clubbers, depois de duas balas, não têm a capacidade mental de acompanhar uma narrativa. É isso que torna essa faixa ainda mais sinistra. Quando ouvimos na boate, soa como um house industrial, sujo e levemente animado, cheio de suaves vibrações tubulares, com uma parte falada incompreensível. Quando ouvimos em casa, é a história infame de um protagonista se escondendo no escuro, no antigo Limelight, do Michael Alig, antes de dopar uma garota e levá-la para casa de táxi. A música para. Ela pergunta: "O que você me deu?", ao que ele responde: "Ecstasy". Depois, o narrador, com um prazer perverso mal disfarçado, cospe que "ele a fodeu a noite inteira". Isto, aparentemente, é só "uma noite em Nova York". Espero que as minhas milhas nunca me levem para lá.

LIL LOUIS - "FRENCH KISS"

Obviamente, "French Kiss" é um clássico, um monumento do acid. Isto é, fora a parte em que se transforma na música mais constrangedora de todos os tempos. Veja, não há nada no mundo que seja menos sexy do que a "sensualidade". Sensualidade é a Helen Flanagan de biquíni num ensaio fotográfico para a FHM, é o Joey Essex de sunga para a More, são caras de 40 anos em pleno surto natalino comprando na La Senza do Bluewater. A sensualidade é repugnante. O Lil Louis ter pedido a uma amiga para fingir um orgasmo na cabine pode ter parecido uma boa ideia na época – pode ter feito alguns babacas de sunga, completamente chapados, tentarem achar suas genitálias atrofiadas em alguma noite quente de fins de agosto – mas agora isso só parece vulgar, espalhafatoso, cafona e, francamente, vergonhoso. Exatamente como a minha vida sexual.

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BAM BAM - "WHERE'S YOUR CHILD?"

Mais uma tentativa de cortejo malsucedida do acid house. Talvez eu seja pudico, mas o conceito de medo – aquela sensação pura, abstrata, primal e envolvente que te aperta com a força da morte iminente – não me excita. Não quero sentir medo quando tenho uma ereção. Quero dizer, normalmente sinto, mas é mais uma insegurança do que medo propriamente dito. Funciona para algumas pessoas; aquelas que enchem a boca de laranjas enquanto se masturbam se enforcando com as suas gravatas da M&S. E esse é provavelmente o tipo de pessoa que se excitaria ouvindo a assustadora ode do Bam Bam ao efeito prejudicial de estar sempre à procura do verdadeiro êxtase.

DJ ASSAULT - "ASS-N-TITTIES"

Eu não quero que esta escolha seja mal interpretada como se eu estivesse falando mal do ghetto e do booty house em geral. Gosto do DJ Assault e acho "Dick By The Pound" uma faixa estranhamente tocante, se não excitante. Gosto da quantidade de "pussy" que a gente precisar escutar quando ouve, digamos, o DJ Funk.

Às vezes é bom fugir do casulo levemente frígido do tech-house germânico e mergulhar nas profundezas do som daqueles caras repetitivos e terrivelmente excitados da Dance Mania. O problema de "Ass-N-Titties" (algo como "Bunda e Peitos") não é a "bunda" ou os "peitos", mas a parte em que ele diz à sua parceira que ela precisa se lavar bem antes de eles dormirem juntos. Claro, a higiene genital é uma parte importante de qualquer relação sexual adulta saudável, entendo isso, mas não quero me preocupar se lavei bem as partes de manhã quando estou na boate numa sexta à noite.

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MOUSSE T - "HORNY"

Quando a maioria das pessoas vai à uma boate, é menos comum elas irem ver o Gerd Jason tocando disco music obscura para 400 estudantes de arte carrancudos do que irem ver um cara chamado Gavin mixando "Timber" com "Get Low" em algum pico no centro. Você pode, um dia desses, voltando pra casa para o Natal, se encontrar no meio de um desses covis de inequidade encharcados de Apple Sourz. Pode chamar a atenção de alguém com quem nunca conversou na escola ou não conversa agora no trabalho. Pode iniciar uma conversa, talvez até fazer essa pessoa rir e perguntar se ela quer dançar. Pode descer de mãos dadas com ela aqueles degraus grudentos, para chegar na pista mais grudenta ainda, com a sensação inconfundivelmente elétrica de atração instantânea passando da sua mão para a mão dela. Então toca esta faixa, e toda uma noite é perdida no retumbar da trilha sonora de um reality show de reforma de casas dos anos 90. A porra do Mousse T fodeu tudo.

THOMAS BANGALTER - "OUTRAGE"

Pensadas de um ponto de vista abstrato, num nível de afastamento analítico, as relações sexuais humanas são incrivelmente viscerais; uma série de inserções genitais e um emaranhado de dedos que acaba com a expulsão de fluidos. É o que há de mais físico e, para aqueles de nós que não se dão ao trabalho de pegar um ônibus e ir para a academia depois do trabalho, uma das poucas coisas que nos lembra que de fato temos um corpo, que não somos apenas uma mente flutuante, cheia de coisas engraçadas que aconteceram na escola e o refrão de músicas que nunca curtimos, encapsulada por um troco que de alguma forma nos leva por aí. O sexo nos lembra que estamos vivos. É visceral no bom sentido. "Outrage", do Thomas Bangalter, é visceral no mau sentido. A música grunhe, bufa, guincha e grita diabolicamente. É visceral no sentido de cair sobre concreto de novo e de novo e de novo até você virar um saco de ossos pelado com as veias partidas. E quem quer transar com alguém que parece um bife batido?

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ANITA WARD - "RING MY BELL"

Esta faixa é o equivalente disco a pensar em fórmulas do Excel enquanto você está confinado num espaço minúsculo com alguém que você acha absurdamente atraente. Se você não broxa na hora com a batida terrivelmente insistente do Pollard Syndrum que se enfia indesejadamente em todo e qualquer buraco da música, então vá a qualquer site respeitável de letras de música, sente-se e pense sobre o fato de que esta faixa, na verdade, é sobre uma mulher presa em um relacionamento em que o cara só toca a droga da campainha dela depois de ela terminar de lavar a louça. Ele obviamente é uma espécie de dinossauro que está tentando mandar décadas de igualdade de gênero pelo ralo só porque se recusa a colocar um par de luvas de borracha e dar aquelas últimas borrifadas na garrafa de detergente. Aí já era: o ambiente doméstico entrou em cena, e qualquer nesga de desejo físico se dissipou, se transformando num par de cuecas sujas que caiu do cesto antes de fazer a sua tão sonhada estreia no sofá. Cuecas sujas e opressão não são nada sexy.

MAURICE JOSHUA - "I GOTTA BIG DICK"

Certo, colega, ninguém curte um exibicionista. Para aqueles de nós cujos paus não são enormes o suficiente para nos vangloriarmos deles numa faixa, esta aqui só vai nos deixar ansiosos mesmo antes de tirarmos a calça.

ROTTERDAM TERROR CORPS - "GOD IS A GABBER"

Alguma revista, provavelmente a New Scientist, publicou recentemente um estudo que prova que o gabber é a coisa menos sexual que a humanidade criou durante toda a sua existência no planeta – reunindo, de alguma forma, menos potencial animalesco do que o Gyles Brandreth, uma torta de carne e a cidade de Stroud. O gabber pode ser divertido por tipo, dez segundos, quando o seu amigo mais antenado entra no YouTube, no meio de uma festa na casa de alguém, e coloca "Pump That Pussy" a todo volume nas caixinhas de som, fazendo com que o anfitrião, irritado, peça para vocês virarem logo o resto da cerveja na pia e saírem de fininho. Mas imagine ser o tipo de cara doente que considera sexy uma faixa que combina Faithless com um kick de 160 BPM de fazer sangrar o nariz. Só imagine ser essa pessoa. Imagine a crosta permanente de speed sobre a sua boca. Imagine o estado permanente de travação e paranoia convulsiva em que você viveria. Imagine a quantidade de poeira nos seus dentes depois de outra noite ouvindo toda a discografia do Gabba Nation. Agora imagine olhar essa pessoa numa boate e querer levá-la para casa. Agora tente se olhar no espelho. Você não consegue, né?

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SWEDISH HOUSE MAFIA - "DON'T YOU WORRY CHILD"

Eu provavelmente respeitaria qualquer um capaz de manter qualquer nível de excitação enquanto isto rola na pista, da mesma forma que respeitaria quem conseguisse se livrar rápida e calmamente de um corpo depois de um trote dar terrivelmente errado, ou alguém tentando vomitar um dente depois de engoli-lo. Dito isso, não ia querer transar com essa pessoa.

Você pode seguir o Josh no Twitter: @bain3z

Tradução: Fernanda Botta