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Música

Conheça o DJ Dadmagnet, o paizão tipo C que “desconstrói” os grandes hits da Alpha FM

O tiozêra é basicamente a PC Music para a geração 'Carga Pesada'.
Photos via DJ Dadmagnet.

Seu pai realmente meteu ficha dessa vez. Todas as horas que ele passou na garagem, supostamente criando "um esquema para o chuveiro de casa nunca mais queimar", na verdade foram dedicadas a uma performance satírica que critica as expectativas em relação a masculinidade na meia idade. Sua mãe vai ficar doida de raiva quando descobrir.

Mas não foi necessariamente o teu pai que fez isso, mas é como se fosse. O DJ Dadmagnet é um músico/DJ/projeto de performance criado pela label Chinstroke records, que concatena todas as facetas da vida de um pai medíocre e de boas em cima de uma trilha sonora de hard rock. Para resumir a ideia: ele discoteca enquanto usa ferramentas. É basicamente uma crise de meia idade acompanhada de um puta conceito. Uma pegada mais faça-você-mesmo da label R&S; a pura PC Music para uma geração que não abre mão de bons equipamentos.

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A gente ficou sabendo sobre o DJ Dadmagnet há relativamente pouco tempo, quando ele virou manchete depois de ter se envolvido em uma treta com a Wickes, a TokStok da Inglaterra, que roubou a ideia central do seu projeto inteiro: "Músicas Acompanhadas do Som de Ferramentas". Isso mesmo. A Wickes, que é referência de faça-você-mesmo em hardware, plageou a ideia do DJ Dadmagnet e a transformou em uma campanha publicitária a nível nacional. Tá difícil de acreditar? Então saca só os dois vídeos a seguir.

Clique na imagem.

Totalmente vergonhoso. Bom, se a Wickes achava que estava lidando com um alvo fácil, se enganou. O cara, o pai, o DJ Dadmagnet — como você se sentir mais confortável em chamá-lo — e sua família de apoiadores não deixariam por menos, e foi assim que se deu início a #WarOnWickes: uma campanha criada nas redes sociais para fazer justiça a este paizão prafrentex. Aqui no THUMP sabemos mais do que ninguém como é importante apoiar as cenas faça-você-mesmo na música, então entramos em contato com o Dadmagnet para entender melhor a campanha.

THUMP: Fala, Pai! Antes de começarmos, você pode falar um pouquinho sobre o seu projeto DJ Dadmagnet?
DJ Dadmagnet: Ele surgiu no meio de uma crise de meia idade, em paralelo a minha própria masculinidade, e agora se tornou um projeto assinado pela Chinstroke, que é a label que comando com meu filho, o DJ Detweiler. É uma espécie de hobby também, passo muito tempo no meu casulo, faço isso para me isolar um pouco da minha família. É um projeto que criei com o intuito de botar para fora como é ser pai e um role model masculino.

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Você trabalha apenas com furadeiras?
Bem, digamos que trabalhar com furadeiras tem sido meu projeto mais bem-sucedido, mas acho que qualquer trabalho que envolve o lado paternal vale a pena. Qualquer vertente de faça-você-mesmo, que deixe meus filhos menos fora da caixa — tudo isso faz parte da performance.

Quais são suas ferramentas favoritas?
Tenho uma coleção e tanto, mas diria que a maioria são Bosch ou Makita. Furadeiras sem fio com apoio, sem apoio, lixadeiras multi-folha… Venho montando uma coleção há algum tempo. Levo só as mais vagabundas para as turnês. Na última arregacei uma serra circular guiada por laser; vacilei.

Você acha que a música afetou a sua pegada faça-você-mesmo?
Acho que não. Prefiro acreditar que ainda sei parafusar uma prateleira. Só levo mais tempo para fazer qualquer coisa porque fico dançando o tempo todo!

Fale um pouco sobre as suas "Power Tool Ballads".
A ideia inicial era misturar dois elementos da cultura 'paizão': ferramentas e músicas antiquadas. É uma combinação bem óbvia. Ouço vários gêneros musicais — rock clássico, entre outros — quando estou fazendo minhas paradas e pensei que os dois sons combinavam muito.

E o que rolou com a Wickes?
Eles fizeram um anúncio logo antes do dia dos namorados que era extremamente parecido com o meu trabalho. Não acho que alguém como eu pode "ter direitos sobre um trocadilho", e foi justamente por isso que não os processaria, mas a semelhança era impressionante. Acho que ou eles não procuraram no Google, então não tinham conhecimento — o que é bem pouco profissional levando em conta os padrões de uma agência de mídia — ou eles de fato procuraram, acharam meu trabalho mas não acharam que valia a pena entrar em contato comigo porque não se tratava de ninguém importante.

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Deve ter sido um choque.
O triste é que eu sou um cliente assíduo da Wickes, e ficaria feliz de me envolver num projeto com eles. Frequento sempre a loja… Foi um soco no estômago.

E como a treta começou?
Fiz uma campanha nas mídias sociais que chamou bastante atenção. Comecei por uma petição no change.org que estranhamente teve 160 assinaturas, e os fãs da Chinstroke records já estavam pressionando a Wickes há alguns dias. Eles se manifestaram através de um pedido de desculpas bem vago, e por mim tudo bem. O que quero tirar disso é um gesto simbólico. Não quero dinheiro algum, só quero que a Wickes reconheça que eu pensei neste trocadilho antes deles, para que daqui a uns dois anos, se alguém procurar por "Power Tool Ballads" não ache que eu plagiei a Wickes, e sim o contrário.

Não acho que é possível ter direitos sobre um trocadilho, da mesma forma que não temos como ter direitos sobre uma hipoteca ou uma furadeira elétrica. Dito isso, para uma empresa do porte da Wickes, reconhecer a ideia de alguém não é nada mais do que justo. Eu quero crédito por aquilo.

Alguma novidade?
A Wickes ainda não postou um pedido de desculpas no Facebook, mas falei com eles privadamente e eles disseram que me enviarão um pedido formal em papel timbrado junto de um "gesto de boa vontade", que imagino que será alguma espécie de voucher. Se for, eu provavelmente comprarei uma serra circular nova. Acho que da Bosch mesmo, é minha marca favorita.

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E quando a poeira abaixar, quais os planos do DJ Dadmagnet?
Isso me fez pensar. DJ Dadmagnet é algo ainda em construção, assim como ser pai. Tem seus altos e baixos.

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Tradução: Stefania Cannone

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