Elijah Wood e Zach Cowie Formam a Inusitada Dupla por Trás do Wooden Wisdom

Elijah Wood entende perfeitamente reação cética das pessoas que descobrem que ele é um DJ em ascensão e faz parte da dupla Wooden Wisdom.

"Não fiquei surpreso ao saber que as pessoas estavam com pé atrás ou predispostas a pensar sobre por que eu estava fazendo isso", me disse Wood ao telefone. "Isso acontece com muita gente, se alguém troca sua vocação principal por uma expressão artística diferente da que eles já são socialmente aceitos fazendo, nós tendemos a ser mais exigentes. É sem dúvida injusto, mas também compreensível culturalmente falando".

Quando Wood e o seu amigo Zach Cowie anunciaram a quinta data de sua turnê de discotecagens 100% vinil na América do Norte eles inspiraram um monte de clichês, com os jornalistas fazendo notas zuando a formação da dupla – "Frodo nas carrapetas", "Coloquem o Gandalf para cantar", etc. Uma vez que você sabe que os dois se conheceram há quatro anos em um after party da grife Rodarte – onde o ator pegou seu iPod e se juntou a Cowie para um improvisar um set – e seus primeiros shows eram patrocinados pelo renomado whisky Bushmills, não é difícil imaginar por que alguns arrogantes veem a parceria como uma jogada de marketing ao invés de algo genuíno.

No entanto, conversar com a dupla evidencia que há algo mais nessa jogada. Começando com o fato de que os dois são, e não sei como colocar isso de outra forma, uns baita nerds quando o assunto é colecionar discos. Durante a nossa conversa, eles fizeram referência a algumas performances, como a do BADBADNOTGOOD, de Toronto ("É demais o que eles estão fazendo, pegando sua experiência com o jazz e aplicando ao hip-hop", disse Wood), a do músico italiano Gigi Masin, e a do Deus do techno de Detroit, Theo Parrish. Eles também se recordam de ficar madrugadas adentro cavucando o eBay e Discogs atrás de qualquer coisa, de disco music nigeriana a raridades em 12 polegadas, enquanto trocavam mensagens sobre suas conquistas.

"Até quando estamos separados temos uma ótima noção do que a outra pessoa está encontrando", disse Cowie. "Há momentos – saudáveis, e não competitivos – que pensamos, 'Puta que pariu, você conseguiu esse disco!'", disse Wood. "Nós temos o mesmo ritmo, e isso é muito estimulante".

Foto cortesia da Consequence of Sound.

Entre os dois, Cowie é o veterano. Por ser ex-funcionário de uma gravadora e ter se tornado DJ em Los Angeles, ele fez turnê com bandas como Animal Collective e Fleet Foxes, além de ter atuado como supervisor de música para cinema e televisão. Sem mencionar que o seu parceiro no crime é meio relaxadão quanto o assunto é experiência como DJ. Apesar de admitir que é relativamente novato nesse lance de colecionar vinis, há tempos que Wood é interessado em música e tocou ocasionalmente em Nova York e fora do país. Wood também fundou o selo Simian Records em 2005, berço de artistas como The Apples in Stereo e Heloise & The Savoir Faire. Ele também fez com destreza a curadoria da série "Africa in Your Earbuds", da Okayafrica, com canções de Benim, Gana, Nigéria e Togo.

Juntos, eles descrevem seu som como "paradise garage", uma referência à famosa boate de Nova York do fim dos anos 70. Quem for assistir seus próximos shows pode esperar uma "quantidade monstruosa" de disco, construída com sons de San Diego à Turquia e qualquer lugar entre eles. Embora os dois digam que há muitas decisões de última hora e acréscimos. "Tudo o que fazemos é nos ligar antes de chegarmos no aeroporto para ter certeza de que não incluímos um monte de discos iguais", disse Cowie.

O único mix postado no SoundCloud do Wooden Wisdom tem mais de 35 mil reproduções e os dois dizem querer ter a chance de fazer mais mixes com convidados – citando o DJ da rádio BBC Gilles Peterson e o DJ de Nova York Tim Sweeney do Beats in Space em quase perfeito uníssono. Apesar da agenda e produção lotada do Woody, ele está ansioso para mostrar que para ele isso é mais do que apenas um hobby, mas um trabalho apaixonante. "A grande questão, antes de tudo, é que estou usando vinil, e isso costuma calar a boca das pessoas", disse Wood. "Não é um projeto vaidoso, eu estou fazendo algo que sei que é legítimo".

"Eu tenho muito orgulho de ver os que eram céticos em relação a ele dobrando a língua", diz Cowie sobre seu parceiro no crime. "Um dos maiores elogios que recebemos foi do Madlib, que é alguém que admiramos muito. Ele basicamente disse, 'Uau, esses caras sabem o que estão fazendo'. E isso é tudo que eu preciso ouvir".

Wooden Wisdom está no SoundCloud

Max Mertens nunca viu o Hobbit. Ele está no Twitter: @Max_Mertens