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Música

Fogo na Bomba, EDM e Trap: Conheça o Bazzilians

Ouça a estreia dos jovens DJ Skrit e Max dos Beatz, que aprenderam música na igreja e hoje misturam rap, drops pesadíssimos e até pagode.
Todas as fotos por Anna Mascarenhas.

Não faz muito tempo que eu escutei a primeira música finalizada do Bazzilians. Um amigo meu, Toddy Ivon - responsável pela direção dos clipes "Chama os Muleques", da Cone Crew, e "Beira de Piscina", do Don L - já tinha me dado a letra de que estava idealizando um novo projeto de trap com dois jovens produtores. Alguns meses se passaram e eis que eu me encontrei com eles numa rua pouco movimentada do Brás, em São Paulo, depois de levar um chá de cadeira de uma hora, típico do Toddy (alfinetadinha da amizade).

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Os três chegaram e começamos fazendo algumas fotos, essas belíssimas imagens (fora modéstia) que ilustram a matéria. Foi bom pra deixá-los mais a vontade. Gedson, de 21 anos, e Max, 26, não são novatos na arte de produzir beats, mas é difícil deixar a ansiedade de lado quando se apresenta um projeto novo, uma ideia que ainda está tomando forma e tem alguma chance de dar muito certo (seja lá o que isso signifique). Pedi que cada um contasse a sua história, aquela introdução básica pré-união pra que eu e você pudéssemos entender as origens da dupla.

Max morava na Parada Inglesa, Zona Norte de São Paulo, e sempre foi fascinado pela vitrola da mãe. Um dia, sua tia lhe presenteou com um vinil do seu desenho favorito, Cavaleiros do Zodíaco, e foi na música "Rap do Zodíaco" que ele estragou pela primeira vez as agulhas da vitrola, brincando com o disco. Ele se mudou pra Guarulhos, perto de um primo que fazia rap e produzia algumas coisas. A mãe sentiu o gosto do garoto pela coisas que o primo fazia e descolou um computador pra ele. A primeira música foi produzida no gravador do Windows 98, que tinha a opção de mixar canais. A coisa começou a rolar naturalmente, Max começou a formar grupos de rap e a usar o Fruity Loops (na versão dois, na época) para fazer os beats. Tocava na igreja e flertava com outros estilos mais ligados ao eletrônico, o que ele diz ter facilitado a transição ao trap. Além disso, ele começou a trabalhar como DJ do rapper Pregador Luo, trampo que faz até hoje.

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Gedson, apelidado de DJ Skrit, também viajou pesado no tempo. Começou falando de quando se encantou pela música na igreja, sobre o fascínio pelos instrumentos como a bateria. Ele é baiano e veio para São Paulo bem pequeno, pra morar no bairro de São Miguel Paulista, Zona Leste. Levou uns belos tapas da mãe quando teve a brilhante ideia de usar as panelas dela pra fazer um som e acabou amassando todas. Depois, quando o irmão comprou um computador, ele começou a pesquisar sobre gêneros diferentes do gospel, como o rap.

Perguntei qual foi a primeira música de rap que ele ouviu e a resposta foi "Fogo na Bomba", do grupo paulistano De Menos Crime. A partir disso o jovem sentiu aquela vontade de entender como a música era feita, e foi então que Skrit mergulhou de cabeça no universo dos samples. Seu primeiro beat foi divulgado numa comunidade do orkut (sdds) chamada Originais do Rap, em 2007, e era onde a galera costumava trocar música e informações sobre produção. Disso para as batalhas de beats foi um pulo só e foi lá que ele conheceu o Toddy e o Max, com quem competiria uma vez (assista ao video abaixo e veja com os próprios olhos). Skrit também tentou fazer faculdade de administração, mas a vontade de produzir falou mais alto e ele desistiu do curso para se concentrar novamente nos beats. "Eu sentava na aula e pensava: caraca, eu podia estar fazendo música".

Depois de batalharem um contra o outro, os dois continuaram se dedicando aos seus projetos paralelos, mantendo o contato com Toddy enquanto isso. Foi depois de uma proposta do diretor, que prometeu ao Mano Brown apresentar beats de três produtores, que eles se reencontraram. Não sabemos se algum beat foi escolhido para integrar o novo CD do Racionais MCs, que sai nesta terça (25) inclusive, mas podemos especular. Daí surgiu a ideia de unir a facilidade que os dois tinham em misturar referências às músicas e o interesse de ambos pelo trap. Max confessou o gosto pelo EDM e os dois já tentaram misturar funk, pagode e outros ritmos nacionais ao eletrônico. "Sabadá", a primeira música lançada oficialmente no Soundcloud do Bazzilians, tem como introdução um trecho da música Alegrias de Domingo, do grupo Originais do Samba. O lance é que o processo criativo da dupla, como eles me contaram, é bem natural. Parece que eles sabem exatamente qual é a intensão do outro e fica fácil compor as tracks e misturar as experiências de ambos. O resultado é trap, é EDM, é funk, é o que eles quiserem que seja.

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Em relação aos shows, a ideia é ser perfomático. Skrit já levava essa postura para as batalhas, empolgando a plateia com suas atuações nos drops. E Max acrescenta ao pacote com suas performances na MPC. O Toddy somaria com a experiência audiovisual e, combinados, os três compõem uma experiência diferente, a "experência Bazzilians". Perguntei para eles quais seriam as ambições para os próximos meses. Ficou claro que a intenção é produzir uma mixtape, talvez, e o máximo de sons possível. Em paralelo, conseguir agendar shows e apresentações, criar algumas projeções que acompanhem as batidas das músicas. Enquanto não descobrimos definitivamente qual será o próximo passo da dupla-trio, aproveite para ouvir essas três músicas - uma delas inédita - que recebemos especialmente. Aperte o PLAY e não se arrependa:

UPDATE: Agora sim sabemos se entraram ou não os beats que os jovens produziram para os Racionais MC's. O beat que o Gedson compôs virou "O Mau e o Bem", 11ª faixa de Cores & Valores, lançado na madrugada desta terça (25). O mano ainda mandou este emocionado relato sobre o lance:

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Post by Gedson Dias.