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Música

Falando Sobre Billy Corgan, Björk e 'Bling Ring' com o Oneohtrix Point Never

Produzir sete álbuns e trilhas sonoras hollywoodianas ainda não é o suficiente para Daniel Lopatin.

Oneohtrix Point Never, como também é conhecido o músico eletrônico de Nova York Daniel Lopatin, é um dos poucos artistas a forçar as fronteiras experimentais do gênero. Ele lançou sete discos desde 2007, incluindo R Plus Seven, que saiu no ano passado pela Warp Records, sem contar um punhado de EPs, trilhas para filmes, e colaborações que vão do Animal Collective a Tim Hecker. Seu mais recente lançamento Commissions 1 é mais um acachapante esforço vindo deste rapaz; uma dos mais evocativas e oníricas construções sonoras eletrônicas dos tempos recentes.

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Após seu set no MUTEK Festival deste ano, em Montreal, Lopatin reservou um tempinho para responder a algumas perguntas de nossas perguntas sobre o que ele tem feito ultimamente.

THUMP: Esta foi a primeira vez que você tocou no MUTEK, como você acha que se saiu? Como você compararia o festival em relação a outros em que já tocou na América do Norte e Europa?
Daniel Lopatin: Foi uma ótima experiência. O público estava em silêncio absoluto e parecia estar curtindo de verdade. Não se pode pedir muito mais do que isso em um festival, ainda mais considerando que muitas vezes o público nestes eventos de música eletrônica é muito volátil. No caso do MUTEK e seus fãs, é outra história.

Seu set contou com a participação de seu colaborador de longa data Nate Boyce. Como você o conheceu e como vocês bolaram a parte visual do show?
Fomos apresentados por um amigo em comum, Robert Beatty, artista e músico de Lexington, Kentucky, que já fez uma batelada de artes pra mim ao longo dos anos. Ele achou que nos daríamos bem em termos de estilo e atitude, o que era verdade. Nate é escultor, o que é ótimo pra mim porque gosto da abordagem específica e voltada para objetos que ele traz para os vídeos. Gosto de pensar no seu trabalho menos como "efeitos" e mais como se fossem parte da recriação de um ambiente ou cena, como nos jogos de luta, por exemplo, em que cada fase tem objetos altamente estilizados em um espaço fechado.

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O estilo único de Nate é completamente novo em termos do que as pessoas esperam da parte visual de um show. Seu trabalho tende a provocar o público para criar as mais bizarras interações entre som e vídeo, o que não seria possível com toda aquela perfumaria de luzes e lasers sincronizados, etc. É por esse motivo também que nunca usei baterias ou ritmos mais diretos. O que importa pra mim são possíveis relações afetivas que acontecem quando se reduz, deforma ou transforma formas reconhecíveis

R Plus Seven foi lançado em outubro do ano passado. A sua relação com aquelas músicas mudou agora que você está nessa turnê há algum tempo, tocando-as todas as noites?
Elas foram completamente alteradas. Algumas foram transformadas em bases para novas músicas. Outras estão mais diretas. É demais tocar diante de uma plateia, especialmente uma que conhece intimamente seus álbuns. De alguma forma a música continua encantadora. Cansei dos shows do Replica [disco de 2011] bem mais rápido.

No ano passado você trabalhou ao lado de Brian Reitzell na trilha de Bling Ring – A Gangue de Hollywood, de Sofia Coppola. Gostaria que você falasse um pouco sobre o processo criativo e se sua abordagem foi diferente ou não em relação à produção de um álbum. Você gostaria de fazer mais trilhas futuramente?
Ninguém mais media escolhas estéticas em um disco do OPN além de mim mesmo. Trilhas são quebra-cabeças complicados que você tem que entender e resolver logo, senão te demitem. Você é contratado para melhorar o filme e são poucas tentativas para provar que você é capaz disso. Já com meu álbum, tento quantas vezes quiser.

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Conte-me sobre seu selo, Software Recording. Quando você decidiu que era hora de montá-lo? Quem são alguns dos artistas com os quais você está trabalhando?
Eu tinha este selo de distribuição de CDRs chamado Upstairs. Fui um dos co-lançadores do primeiro LP do Autre Ne Veut (em parceria com a Olde English Spelling Bee). Entre meus discos e turnês, distribuía estes CDRs. Eventualmente, Kemado veio até mim e sugeriu criar um selo para lançar meu próprio disco, o que acabou rolando. Lançamos também o segundo álbum de Autre, Anxiety e o produzimos no QG de Kemado. Dê uma olhada em nosso site pra ficar por dentro de tudo que estamos fazendo.

O que te levou a fazer um live-tweeting da performance de Billy Corgan para "Siddhartha"?  O que você aprendeu sobre si mesmo e a humanidade com este evento? Algum comentário sobre sua aparição na capa da revista especializada em gatos, PAWS?
Não vou nem abrir esse link… Ganhei cicatrizes desse live-tweeting. Fiz tudo na zoeira e depois percebi que seria um puta golpe de publicidade. Mas também fiquei feliz pela coisa ser tipo um poema. Foi divertido.

Recentemente você tocou em Nova York com a Björk. Deu tempo de falar com ela?
Sim, ela é engraçada, muito inteligente e enérgica. Fico feliz que deu pra curtirmos um pouco juntos

O que mais você tem planejado para o resto de 2014 em termos de novas músicas, shows, etc? Vi no Instagram um post seu junto de Hudson Mohawke. Podemos esperar uma parceria para logo?
Fiz a trilha de um filme que espero que saia este ano. Foi filmado no Leste Europeu e é uma história de amadurecimento apocalíptica. Estou bem feliz com ela. Já Hudson e eu estamos apenas no aquecimento.

Max Mertens é um escritor que mora em Toronto. Ele está no Twitter: @Max_Mertens.

Tradução por: Thiago "Índio" Silva