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Música

O Jacuzzi Nos Levou à Loja de Sintetizadores Mais Obscura de Los Angeles

Uma loja onde o cliente precisa marcar hora e ser aprovador para entrar. Nós estivemos no lugar no qual Trent Reznor e Johnny Greenwood do Radiohead compram suas traquitanas tecnológicas.


Em uma recente viagem a Los Angeles eu entrei em contato com o Ryan York  (Jacuzzi) e o Evan Harris (seu co-empresário), que por sorte tinham recentemente se mudado para um quarteirão de distância de onde eu estava em West Hollywood. Depois de tomar um café providencial, nós conversamos sobre a mudança do Hawaii do Ryan, sobre os antigos clientes do Evan (Coyote Kisses), e sobre nossos planos para o fim de semana. Normalmente eu negaria qualquer oferta sobre vendedores de equipamentos de música eletrônica e seguiria o meu caminho. Sejam especializadas em música ou não, eu acho essas lojas totalmente desagradáveis e puramente consagradas às compras por impulso e aos vendedores que fazem pressão; lugares iluminados por luzes fluorescentes dominados por vendas relâmpago, políticas de devolução e pela necessidade de atualização. Essa loja é diferente, Ryan me diz. Ele explica que não podemos simplesmente chegar e entrar. Ele tem que ligar lá, marcar hora, e ser aprovado. Como o meu amigo que me acompanhava na cidade estava de ressaca e confinado ao seu sofá, eu logo me vi seguindo para o norte até a Studio City em um surrado porém charmoso Volkswagen Jetta.


Apesar de ter uma camada fresca de tinta laranja, o prédio era o mais acanhado possível. Se houvesse qualquer rastro de anúncio ele me escapava aos olhos, e as janelas eram inexplicavelmente fumê. "Acho que é nos fundos", diz Ryan com um sorriso hesitante. Ele liga para o número que tinha encontrado em um fórum para confirmar. É nos fundos. Depois de um papo rápido a porta se abre e uma jovem igualmente acanhada nos encontra. A atenção dela se volta imediatamente para a minha câmera.

O interior parecia mais a casa de alguém que ainda não desempacotou a mudança do que uma loja propriamente dita. Era um caos organizado. A jovem vagamente aponta para uma série de teclados e os olhos do Ryan se acendem. Seus dedos alcançam um Prophet 12 e ele começa a tocar algo que eu descreveria se eu tivesse prestado atenção na hora. Ele fica, em todos os sentidos, encantado, então Evan e eu vamos dar uma olhada no resto da loja. Pedais espalhados pelo chão; caixas de todos os tamanhos por toda parte; racks e mais racks de controladores dominavam as paredes; no canto, um homem fuçava o painel frontal de um sintetizador analógico e pediu para não ser fotografado.

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Depois de alguns minutos de zueira com o teclado, um homem mais velho, o dono da loja, entra na sala. Ele pergunta como nós vamos e não nos encoraja a comprar nada. Bendito seja. Eu pergunto se alguns músicos grandes compram equipamentos dele e ele evita a questão. Eu pergunto novamente e ele se abre um pouco mais. "Trent Reznor vem de vez em quando," ele ri, "Ele vem e a gente vai colocando tudo em uma lista… Eu deixei o contador dele meio chocado há um tempo quando esqueci dessa lista por alguns meses. Então um dia eu lembrei e tive que cobrar dezessete mil". Ele me conta uma história sobre como o Johnny Greenwood do Radiohead contratou uma loja do Reino Unido para construir um rack de sintetizadores para a música "Idioteque". Sendo a única loja nos EUA a vender esses racks, os synths logo acabaram nas mãos dele. Mais tarde ele os vendeu no eBay e se negou a escrever essas informações na descrição do anúncio. Como sua atitude relaxada não o levou a falência é algo que me deixa perplexo, mas acho que isso é o bom de ser especializado.



Ryan pergunta sobre um outro synth, um Moog, e a jovem atravessa a loja até uma cavernosa sala de fundo que eu fui explicitamente proibido de fotografar. Caixas de teclados empilhados do chão ao teto, uma quantidade que facilmente vale mais que seis dígitos. Eu notei um Pez dispenser em uma prateleira e tirei uma foto dele para passar o tempo. A jovem volta e nos diz que eles têm o que mais tarde eu descobri ser um Moog Voyager XL em uma rara coloração branca. Aparentemente é um grande negócio, porque o Ryan sacou o cartão de crédito antes que eu me desviasse do flip fone que encontrei em outra prateleira. A mulher passa o cartão e a American Express não acha nem um pouco suspeita uma compra grande com um cartão registrado no Havaí.


Quando estamos para ir embora, o Ryan se lembra de uma outra coisa que ele precisa e pede para ver as estantes de teclado deles. Eles não têm. Então ele se lembra de que vai precisar de cabos de um quarto de polegada, mas eles não vendem também. O velho, ouvindo a gente de longe, volta dos fundos da loja com dois cabos que ele nos dá de graça. Enquanto saímos eu me pego novamente pensando em como a loja se mantém. Bem, acho que isso não importa.

Notas do autor:
- A pedido deles, o endereço, o nome da loja e os nomes dos funcionários foram omitidos.
- Se você conhece a loja da qual estamos falando, por favor não divulge nos comentários.
- O Ryan preferiu não comer fora naquela noite.
Esse artigo é de baixo carboidrato e não contém glúten - @bluuuuueeeeeee

Tradução: Stan Molina