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Música

“Absorvi o Som do meu Pai Por Osmose”, Diz Dantiez Saunderson

Filho do Kevin Saunderson, Dantiez lançou seu EP de estreia, ‘Deep Something’, que você ouve com exclusividade aqui.

Dantiez Saunderson talvez tenha demorado para se lançar na música eletrônica preocupado em fazer jus ao sobrenome que carrega. Ele, afinal, é filho de Kevin Saunderson, um dos fundadores do Detroit Techno e referência máxima do estilo, o que estimula uma involuntária comparação. Em 2012, ao completar 20 anos, Dantiez decidiu que era hora de compartilhar o talento herdado, lançou-se na discotecagem e compôs sua faixa de estreia, "Undergo". Deep Something, seu novo EP que o selo canadense refused. lança nesta terça (28), chega na mesma linha tech-house-groovy.

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Ouça o MIXED BY do Kevin Saunderson

No disco, são duas faixas originais, "Deep Something" e "The Way We Move". A faixa-título, que ganhou remixes de Justin James e Rory PQ, em sua versão autoral grifa um pouco mais as linhas de baixo estaladas, com os contratempos marcados por hi-hats e um vocal melodioso. Justin James injetou na música um clima de baixo mais sombrio, acrescido por encorpados sintetizadores, com direito a uma frequente ressonância industrial que remete à pegada clássica de Detroit.

Na reinterpretação de Rory PQ, a crueza proposta por James é colocada totalmente de lado em favor de uma cadência mais lasciva e grooveada, notavelmente deep house, na vibe tradicional do estilo. Então vem "The Way We Move" para encerrar o EP com o mais puro techno. Hipnótica e linear, a música não faz concessões a cruzamentos de estilos e tem seu ápice na evolução percussiva e nos acordes de sintetizadores bem pontuados nas guinadas da melodia.

Trocamos uma ideia por email com Dantiez Saunderson. Ouça "Deep Something" enquanto lê a entrevista.

THUMP: Dantiez, quanto do estilo de seu pai você diria que foi absorvido na sua própria maneira de se fazer música?
Dantiez Saunderson: Eu diria que uma boa dose do tipo de som feito pelo meu pai foi absorvida por mim quase que por conta de uma osmose natural, uma vez que eu cresci escutando tudo que ele criava no estúdio. Quando escuto minhas próprias produções depois de prontas, definitivamente consigo identificar a influência de sua sonoridade crua de Detroit, e isso está evidente nas minhas produções que pendem mais para o techno.

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Por que você só decidiu começar a produzir música depois dos 20 anos e não antes?
É que eu estava muito mais envolvido com os esportes desde criança, o que me afastou de desenvolver aquela real paixão pela música eletrônica. Na real, quando eu escutava música, era mais hip hop. Mas isso faz um pouco de sentido, se você pensar que nós temos a tendência de querer evitar seguir os mesmos passos de nossos pais.

O que aconteceu de especial que fez você se sentir inspirado em seguir esse caminho?
Eu me toquei que não tinha chance alguma de me tornar um atleta profissional e comecei a sair com meus amigos e a acompanhar todas as novidades musicais que saíam, e de repente todo mundo que eu conheço estava produzindo ou discotecando. Meio que segui o fluxo e foi tão natural para mim que quando percebi já tinha sido completamente tomado por isso. É só no que eu penso agora.

Qual era o seu envolvimento com a cena techno antes disso?
Eu literalmente cresci e fui criado na cena, cercado por pessoas como Richie Hawtin, Carl Craig, Derrick May, Juan Atkins, Kenny Larkin, Stacey Pullen, toda essa galera… Então eu acho que absorvi toda essa força criativa gravitando em volta de mim como uma esponja.

Leia a entrevista com o Carl Craig

Você absorveu também elementos do hip hop em suas faixas e apresentações como DJ?
Com certeza, tudo que eu produzi tem algum elemento de hip hop, ainda que seja um lance sutil. É algo que sempre surge na minha mente. Você pode até perceber que, às vezes, adicionar uma simples batida quebrada já dá um sabor especial à faixa, é como uma injeção de energia.

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O que você acha do trap e do future beats, tendências que ganharam bastante espaço na cultura hip hop?
A coisa mais legal de produzir música eletrônica ou música ritmada é que a batida está sempre mudando, os BPMs estão sempre se remodelando e sempre vai aparecer alguém com algo novo, seja com o nome de trap ou qualquer outro rótulo, é um ciclo que vai se desenrolando e é por isso que curto tanto esse negócio, é algo que te mantém sempre antenado.

Quais os novos ingredientes que você apresenta nesse EP em comparação com o seu trampo de estreia, "Undergo"?
Neste EP que sai pela refused., fui capaz de explorar minha faceta mais experimental. Foi um processo muito legal a tentativa de combinar os marcantes elementos do house e do techno underground para criar algo diferente. É algo que eu não faço com muita frequência, então foi muito divertido!

Como foi quando você escutou pela primeira vez os remixes que fizeram para a sua faixa?
Dá para descrever essa sensação com apenas uma palavra: Chapados! Justin trouxe uma versão minimal techno bate-estaca com um tempero viajante, enquanto Rory aposta no groove do deep house, perfeito para a pista de dança. Eu amei!

Deep Something já está disponível no Beatport.

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