Um Guia para se Dar Benzaço em Ibiza, por Carl Cox e Eats Everything
Steve Mullins

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Música

Um Guia para se Dar Benzaço em Ibiza, por Carl Cox e Eats Everything

Um manual de A a Z dos passinhos e da house music por quem entende do riscado.

Conseguimos bater um papo com o Carl Cox e com o Eats Everything de uma vez só, e por isso decidimos que seria justo fazer com que os dois comparassem experiências sobre o lar espiritual que tem em comum: Ibiza.

Carl Cox é um nome que provavelmente significa Ibiza em algumas línguas, ao mesmo tempo que a palavra "lenda" é um dos poucos termos abrangentes o suficiente para alcançar a reputação do Cox. Eats Everything, aka Daniel Pearce, pode estar uma geração atrás de Cox, mas rapidamente alcançou alturas semelhantes por meio de seus sets incríveis e sua abordagem inconfundível de house music.

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Os dois fizeram uma aparição na série de rádio que só une uns fodões dos mais diversos gêneros, Transmission, no último dia 3. A noite apropriadamente intitulada de "Carl Cox & Friends" foi uma rara oportunidade para flagrar a dupla no mesmo lineup mesmo longe de sua querida ilha. Juntos, eles têm a melhor expertise sobre a ilha, mais do que ninguém. Então imagine isso: uma mistura de Trip Advisor com Resident Advisor, um manual de A a Z dos passinhos e da house music. O THUMP orgulhosamente apresenta o guia essencial de Ibiza por Carl Cox e Eats Everything:

THUMP: Bom, vamos lá: qual o melhor lugar da ilha para relaxar em um dia de folga?
Carl Cox: Para mim é quase impossível relaxar na ilha, porque sou muito conhecido por lá agora. Sempre que estou na praia, logo vem alguém pedir para tirar uma foto. Então costumo ficar na mansão que alugamos durante o ano todo - convidamos algumas pessoas e fazemos churrascos.

Eats Everything: Gosto muito de um restaurante chamado Amante, onde me casei. O dono é o Dave Piccioni, que comandava a label AZULI há uns anos atrás. Foi construído em cima de um penhasco então você vai até lá, ouve música boa, come uma comida ótima e depois pode descer alguns lances de escada e ir ao mezanino na área externa que tem várias camas e puffs. É super relaxante, porém sem muita pegação.

E a melhor praia?
CC: Anos atrás, quando ninguém sabia quem eu era, diria que a melhor praia era Salinas. É muito famosa mas com todos aqueles barcos à vela passando fica muito bonita… Ainda tem uma vibe bem hippie que eu curto.

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EE: Acho que Benirras. Sempre fui meio cético em relação ao sol: ele nasce todo dia, e daí? Nunca foi algo que eu achava tão incrível assim. Então em uma segunda-feira eu estava em Berrinas, bebendo mojitos, a galera estava tocando bongos, chapando. Não sou muito maconheiro, fumo tipo uma ou duas vezes no ano, e… odeio contar essa história… mas eu fico meio piegas. Isso soa muito idiota, mas não consegui não aplaudir o pôr do sol naquela tarde. Precisei chegar a três décadas de vida para apreciar o pôr do sol.

Qual presente eu deveria comprar para minha mãe?
CC: Eu diria que uma camiseta da Space. Assim sua mãe pode sair por aí e a galera vai sacar qual é a dela.

EE: Uma garrafa de Hierbas, definitivamente.

Melhor set que vocês já viram na ilha?
CC: O do Loco Dice na DC 10. Ele costumava se aventurar em house music naquele terraço. O jeito que ele tocava era excêntrico mas não deixava de ter um embalo. Alguns DJs incríveis tocaram lá, mas a forma que ele executava seu som sempre me fazia sair da minha mansão e ir assisti-lo tocar. Ele era foda. Há um motivo para estar onde está agora.

EE: O melhor DJ set que eu já vi - e não só na ilha - foi o do Thomas Bangalter do Daft Punk. Foi no terraço da Space, final dos anos 90, justo quando os caras do Daft Punk estavam se separando. Ele parecia ser o homem mais assustado que eu já vi, não fazia nenhuma interação com a plateia - estava tocando as coisas mais pesadas e dançantes da house-disco francesa. Tinha três decks onde tocava duas cópias do mesmo disco, de trás pra frente. Então parou a música, se agachou e pegou o mixador. Tirou ele do case e começou a desplugar os conectores, depois tocando os plugues expostos no seu braço e usando o retorno como linha de baixo. Daí veio um bumbo, seguido de um chimbal, e depois um prato: então, a cada 16 batidas, alguma coisa diferente estava rolando. O lugar todo vibrou demais. Melhor DJ set que já vi.

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Melhor lugar para drinks?
CC: Provavelmente o Blue Marlin. Eles prezam muito pela qualidade. Se você toma um drink lá, é algo de fato especial.

EE: O Blue Marlin é meio caro - mas sim, é um lugar legal.

Melhor quarto de hotel?
CC: Acho uma experiência incrível ficar hospedado nas montanhas. As mansões que você consegue achar, e dividir entre todos, acaba não saindo tão caro e você pode ter uma experiência totalmente sua.

EE: Hotel Hacienda. Fica do outro lado da ilha, mas é um lugar lindo.

Melhor lugar para começar uma noite?
CC: Acho que uma das baladas mais subestimadas na ilha, até hoje, é a Underground. É uma balada tão legal - não sei por que não está bombando.

EE: É, também curto bastante a Underground. É uma baladinha tão massa, vou tocar lá algumas vezes neste verão. A poucos metros da Amnesia, o lugar perfeito para começar a noite.

Melhor lugar para encerrar a noite?
CC: A incomparável Space. Vi esta balada se desenvolver e cresci com isso. Não me vejo falando sobre qualquer outra balada do jeito que falo da Space - a história e as memórias são muito antigas. Escolheria aquele lugar para ir à minha última festa.

EE: Para mim, em fluxo total, apenas o terraço da Amnesia. Pessoalmente falando, quando está bombando, não existe nenhuma pista de dança melhor no mundo todo. A única coisa que a Space não tem é a magia de quando o sol nasce e tudo clareia.

Estou bêbado, onde devo ir para descolar uma larica?
CC: Espaguete a bolonhesa sempre vai resolver o seu problema. É carne com carboidrato. Não é o melhor do mundo, mas é algo bem fácil de achar.

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EE: Aquele esconderijo da pizza na rua principal - se é que você vai conseguir acha-lo quando estiver saindo cambaleando da Space.

Memória mais incrível e bizarra de Ibiza?
CC: Acho que o meu aniversário de 37 anos. Estava usando uma peruca loira, uma toga e um tênis adidas clássico. Foi um longo dia e uma longa noite para mim, e de alguma forma fui parar em uma plantação de laranjas, e queria tentar me bronzear. Estava pensando, "Posso chegar até a Space pela plantação de laranjas", mas parei por ali. Conseguia ouvir a música mas não sabia de onde ela vinha.

EE: Pra falar a verdade, me hospedar na mansão do Carl Cox. Eu provavelmente já o vi tocando, na minha vida de baladeiro, entre 50 e 75 vezes. Então tocar na noite dele e ficar hospedado na sua mansão era simplesmente incrível. Um dia acordei, fui o primeiro de todos a levantar, e acabei me sentando na cozinha com o Carl. Conversamos por horas sobre nossas carreiras e trocamos discos. No dia seguinte assistimos Austin Powers em o Homem do Membro de Ouro. Esse cara aqui é surreal pra caralho.

A faixa que sempre salva sua pele?
CC: Uma música que eu sempre curti tocar, e poderia tocar a qualquer hora, é a "Promised Land", do Joe Smooth.

EE: Não existe uma que eu sempre toco. Provavelmente "Circus Bells (Hardfloor Remix)", do Robert Armani. Se você quer uma faixa para explodir o teto da boate no ápice da noite, essa é a ideal.

Leia mais sobre a série Transmission de Manchester aqui.

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Tradução: Stefania Cannone