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Música

Garotas do Mundo Inteiro, Uni-vos em Nome do Psy-Trance

O Psy-Sisters é um coletivo feminino de DJs que busca mais espaço para as mulheres na dance music.
Antonio Pagano

Vamos admitir: trance psicodélico não é o gênero de música eletrônica mais legal para se ouvir em 2015. Na verdade, é meio que o tio esquisito da família dance music - incompreendido, ridicularizado, mas na maioria das vezes apenas ignorado. Tendo surgido em meados dos anos 80, o psy-trance foi um gênero criado por DJs como Goa Gil que combinavam rock psicodélico com new beat, electro e EBM. O psy-trance teve seu pico comercial nos anos noventa, quando o som se expandiu para além das praias onde Goa nasceu. Hoje, porém, o gênero segue vivo. Não é à toa que no próprio Tomorrowland Brasil teve palco dedicado ao estilo.

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Leia: Quem disse que discotecar é uma exclusividade dos jovens?

De toda forma, é muito maneiro que o Psy-Sisters, um coletivo feminino de DJs de psy-trance, exista. Fundado em 2012 pela DJ/produtora Psibindi (nome real: Rena Biring), o Psy-Sisters está baseado em Londres. Biring que tem ascendência asiática, tem discotecado psy-trance há oito anos. "É exatamente isso que tenho procurado em minha carreira musical: algo que podemos desenvolver, que não tenha um grande apelo comercial", diz ela.

Psibindi, a fundadora do Psy-Sisters.

Biring formou o Psy-Sisters com algumas amigas DJ, e elas começaram um festival de um dia que agora acontece anualmente. O coletivo sempre foi um trabalho feito por amor: "Nós investimos dinheiro do nosso próprio bolso. Não temos patrocinadores. O dinheiro que arrecadamos com o evento vai todo para o Psy-Sisters", diz Biring. Esse ano, elas até organizaram uma competição para achar uma nova DJ mulher para abrir o evento. A vencedora foi uma jovem DJ chamada Molly Sparkle, cuja apresentação alavancou sua carreira.

Vamos admitir: trance psicodélico não é o gênero de música eletrônica mais legal para se ouvir em 2015. Na verdade, é meio que o tio esquisito da família dance music - incompreendido, ridicularizado, mas na maioria das vezes apenas ignorado. Tendo surgido em meados dos anos 80, o psy-trance foi um gênero criado por DJs como Goa Gil que combinavam rock psicodélico com new beat, electro e EBM. O psy-trance teve seu pico comercial nos anos noventa, quando o som se expandiu para além das praias onde Goa nasceu. Hoje, porém, o gênero segue vivo. Não é à toa que no próprio Tomorrowland Brasil teve palco dedicado ao estilo.

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De toda forma, é muito maneiro que o Psy-Sisters, um coletivo feminino de DJs de psy-trance, exista. Fundado em 2012 pela DJ/produtora Psibindi (nome real: Rena Biring), o Psy-Sisters está baseado em Londres. Biring que tem ascendência asiática, tem discotecado psy-trance há oito anos. "É exatamente isso que tenho procurado em minha carreira musical: algo que podemos desenvolver, que não tenha um grande apelo comercial", diz ela.

Psibindi, a fundadora do Psy-Sisters.

Biring formou o Psy-Sisters com algumas amigas DJ, e elas começaram um festival de um dia que agora acontece anualmente. O coletivo sempre foi um trabalho feito por amor: "Nós investimos dinheiro do nosso próprio bolso. Não temos patrocinadores. O dinheiro que arrecadamos com o evento vai todo para o Psy-Sisters", diz Biring. Esse ano, elas até organizaram uma competição para achar uma nova DJ mulher para abrir o evento. A vencedora foi uma jovem DJ chamada Molly Sparkle, cuja apresentação alavancou sua carreira.

Quando menciono à Biring que as pessoas riem quando confesso meu amor ao psytrance, ela rapidamente defende a legitimidade do gênero. "Se essas pessoas que fazem esses julgamentos ouvirem um psytrance de boa qualidade, vão ver que a produção é muito avançada. Você usa métodos de produção que não usaria necessariamente quando você está fazendo uma faixa comercial de dance music, uma faixa minimal ou de house", rebate.

A criadora do grupo tem um ponto. Parece que as pessoas se distanciaram não necessariamente da música, mas a popular e de certa forma precisa percepção da cena psy-trance: brancos, com dreadlocks, obcecados com malabares, hippies, como esse cara:

Segunda edição da festa Psy-Sisters, em Londres (Foto por Antonio Pagano/Facebook)

Pergunto a Biring se as Psy-Sisters já receberam críticas de homens de dentro da comunidade psytrance. "Nós tivemos algum retorno de artistas homens dizendo que somos sexistas, e [exigindo] uma razão por não apoiarmos artistas masculinos também. Mas eles precisam entender que precisamos apoiar as mulheres", ela responde. "Não tem quase nenhuma mulher tocando, então isso é para ajudar a apoiar as garotas".

Na última festa organizada pelas minas da Psy-Sisters, que rolou no clube Union, em Londres, foram escaladas 18 DJs mulheres em uma noite. As garotas do grupo também divulgam perfis de DJs escolhidas em sua página de Facebook que tem 3.500 seguidores. Foi assim que descobri TripPy MjaumiX, da Guatemala, e Alixx, do Brasil - duas mulheres negras que destroem demais em seus mixes. "Isso mostra quantas artistas mulheres tem feito um ótimo trabalho para se envolver com discotecagem e produção", Psibindi diz. "Eu definitivamente acho que o coletivo tem dado uma influencia positiva para a cena".

Leia: Essa camiseta é um resumo da cultura do abuso sexual em festivais

Antes de começar a planejar seu próximo evento para 2016, as Psy-Sisters estão preocupadas em desenvolver seu SoundCloud, na esperança de incentivar mais mulheres a fazerem seus próprios mixes. Durante a temporada de festivais, elas irão se concentrar em celebrar as artistas femininas que conseguiram chegar nos lineups de festivais maiores, que são notoriamente dominados por homens.

É um alívio imenso que um gênero que eu deveria me envergonhar de amar é movido por mulheres como Psibindi - que não poderia estar mais longe da imagem que as pessoas associam ao gênero. Com Psy-Sisters, ela está mais interessada em fazer mulheres inspirarem novas gerações. Esse é definitivamente o tipo de comunidade de psy-trance que apoio orgulhosamente.

Siga Frankie Decaiza-Hutchinson no Twitter

Tradução: Pedro Moreira

Quando menciono à Biring que as pessoas riem quando confesso meu amor ao psytrance, ela rapidamente defende a legitimidade do gênero. "Se essas pessoas que fazem esses julgamentos ouvirem um psytrance de boa qualidade, vão ver que a produção é muito avançada. Você usa métodos de produção que não usaria necessariamente quando você está fazendo uma faixa comercial de dance music, uma faixa minimal ou de house", rebate.

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A criadora do grupo tem um ponto. Parece que as pessoas se distanciaram não necessariamente da música, mas a popular e de certa forma precisa percepção da cena psy-trance: brancos, com dreadlocks, obcecados com malabares, hippies, como esse cara:

Pergunto a Biring se as Psy-Sisters já receberam críticas de homens de dentro da comunidade psytrance. "Nós tivemos algum retorno de artistas homens dizendo que somos sexistas, e [exigindo] uma razão por não apoiarmos artistas masculinos também. Mas eles precisam entender que precisamos apoiar as mulheres", ela responde. "Não tem quase nenhuma mulher tocando, então isso é para ajudar a apoiar as garotas".

Na última festa organizada pelas minas da Psy-Sisters, que rolou no clube Union, em Londres, foram escaladas 18 DJs mulheres em uma noite. As garotas do grupo também divulgam perfis de DJs escolhidas em sua página de Facebook que tem 3.500 seguidores. Foi assim que descobri TripPy MjaumiX, da Guatemala, e Alixx, do Brasil - duas mulheres negras que destroem demais em seus mixes. "Isso mostra quantas artistas mulheres tem feito um ótimo trabalho para se envolver com discotecagem e produção", Psibindi diz. "Eu definitivamente acho que o coletivo tem dado uma influencia positiva para a cena".

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Antes de começar a planejar seu próximo evento para 2016, as Psy-Sisters estão preocupadas em desenvolver seu SoundCloud, na esperança de incentivar mais mulheres a fazerem seus próprios mixes. Durante a temporada de festivais, elas irão se concentrar em celebrar as artistas femininas que conseguiram chegar nos lineups de festivais maiores, que são notoriamente dominados por homens.

É um alívio imenso que um gênero que eu deveria me envergonhar de amar é movido por mulheres como Psibindi - que não poderia estar mais longe da imagem que as pessoas associam ao gênero. Com Psy-Sisters, ela está mais interessada em fazer mulheres inspirarem novas gerações. Esse é definitivamente o tipo de comunidade de psy-trance que apoio orgulhosamente.

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Tradução: Pedro Moreira