Os sacrifícios e expectativas de quem vai de caravana para o Tomorrowland Brasil
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Os sacrifícios e expectativas de quem vai de caravana para o Tomorrowland Brasil

Guardar grana de um mês de trabalho e até economizar no almoço são alguns dos perrengues que uma galera passa pra garantir o ingresso pra 2º edição do festival por aqui.

Para os seus frequentadores e entusiastas, o Tomorrowland Brasil não é só um festival. O evento de três dias é aguardado o ano inteiro, como se fosse o Natal dos ravers (será que Jesus seria o David Guetta?), e envolve muita preparação e expectativa. E, como foi bem claro pra quem foi à primeira edição no ano passado — dados confirmam que 30% do público era de estrangeiros —, vem uma galera de longe curtir a festa.

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Para saber quem anda se preparando para o festivalão, conversei com cinco brasileiros de diferentes estados e um boliviano para saber como eles se prepararam para a segunda edição do festival que tem seu início na próxima quinta (21) — e apesar dos diferentes panos de fundo, as histórias de empolgação para o festival parece a mesma de todos: guardar dinheiro pra curtir o mais superlativo dos festivais de música eletrônica no país.

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Antes de falarmos sobre a expectativa dos novos ravers, essa história começa bem, bem antes mesmo da primeira edição do Tomorrowland Brasil. Muitos dos nossos personagens já acompanhavam festivais e raves de música eletrônica que rolam no país, como a XXXperience, que completa 20 anos em 2016, além de outros tantos eventos do gênero que ganham cada vez mais corpo mundo afora, como o próprio Tomorrowland belga, onde a terra do amanhã teve suas bases criadas há 11 anos.

Foto: Divulgação.

"Eu estava na expectativa há muito tempo, até porque tenho um bom contato com uma série de produtores. Eu já sabia que a qualquer momento o evento tava pra ser anunciado no Brasil", conta Alexandre Souza, 34, dono da empresa de ônibus de excursão Plur Bus, que tem sede no Rio de Janeiro e, nesse ano, leva 156 pessoas da capital carioca ao Parque Maeda. Já Irlon Roberto, 24, de Porto Velho (RO), que vai a Itu com uma turma de 30 amigos, não estava tão preparado para o anúncio: "Nunca passou pela minha cabeça que rolaria uma TML aqui no Brasil. Quando surgiram os primeiros rumores, não acreditei", diz o estudante de Engenharia Civil.

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Feito o anúncio e comprados os ingressos, depois da espera de meses, chegou a hora de embarcar com direção ao festival. "Minha mãe soube dois dias antes que eu ia viajar. Disse: 'mãe, tô viajando pra São Paulo, tô indo pro Tomorrowland', aí ela: 'que isso, Tomorrowland?', e eu: 'mãe, quando eu voltar eu mostro pra senhora o que é' [risos]", conta Gilson Gluczkowski, de Campina Grande (PB), estudante de Economia.

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A mãe de Gilson com certeza teve de ouvir muito do Tomorrowland depois. Porque ele, como todos, se encantou com o que viu. "Tiveram todo o cuidado com o público; estrutura, decoração, equipe, organização interna, tudo foi muito bem estudado, trabalhado e executado nos mínimos detalhes", conta Alexandre. O boliviano Diego Lijerón, estudante de Arquitetura que voltará ao festival esse ano com cerca de 15 amigos, não mede palavras: "Foi o melhor evento do ano."

À pergunta "Quando você começou a se organizar para ir ao Tomorrowland 2016?" só teve uma resposta, sem exceções: "Logo que cheguei em casa da primeira edição", diz (como todos) Rayssa Serpa, 28, pernambucana. E já em maio começou a enfrentar o maior perrengue dos que curtem o Tomorrowland: economizar a grana necessária pra ir — os ingressos variam de R$ 199 pelo meia-entrada diária a caros R$ 1899 por um passaporte VIP para os três dias de festival.

Foto: Divulgação

"Desde última edição a gente vem segurando a grana, deixando as baladas locais de lado, cortando os gastos, vendendo o almoço por uma boa causa", relata Elmo Santos, de Belo Horizonte, dono de uma das empresas de excursão que sai da capital e cidades interioranas de Minas Gerais e leva 180 pessoas a Itu. Mas nada é mais importante que conseguir o dinheiro pro evento. Gilson conta que teve de ficar um tempo duro pra poder comparecer: "Não sou uma pessoa econômica, então sempre que as vendas abrem, praticamente o salário inteiro vai embora junto. Paguei o Tomorrowland e passei o mês liso [risos]."

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O alívio é não ter que passar por essa experiência sozinho, não importa quão longe de Itu você more. Por meio de grupos no Facebook e Whatsapp, os festeiros fazem amizade antes mesmo da rave começar. "Quando anunciaram o evento, fui procurar grupos no Facebook pra poder conhecer pessoas que também iam, e acabei encontrando muita gente aqui do Recife", conta Ray. "[Ano passado] a gente fez um encontrão no aeroporto de todo mundo que passou do anúncio e começo da venda dos ingressos até o dia da viagem pra São Paulo conversando", diz Gilson.

Ray (à direita) e sua turma no Aeroporto Internacional de Brasília.

Conhecer pessoas do Brasil e mundo todo, inclusive, é um dos grandes chamarizes do evento pra essa galera. "Acredito que a essência do festival é o contato com novas pessoas, as parcerias conquistadas no decorrer da festa. Tirei fotos com uma galera que nem sei quem era, uns japas [risos]", diz Elmo.

Apesar de boa parte dos ravers citar o sueco Alesso e o holandês Armin van Buuren como algumas das motivações pra estar no festival, os entrevistados fizeram questão de destacar que, pra eles, a experiência do Tomorrowland Brasil vai bem além do DJ tocando no palco.

"O Tomorrowland não é um evento que depende de lineup. A grande atração do evento é o evento", explica Alexandre. "O Tomorrowland transforma pessoas e é isso que me faz querer ir, independentemente de preço", diz Gilson. Irlon finaliza: "A experiência vale muito a pena. Só quem curtiu a vibe sabe do que estou falando."

O THUMP, claro, estará na segunda edição do festival no Brasil. Nos acompanhe nas redes pra mais novidades sobre o Natal dos ravers.

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