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Música

Um Sucinto Porém Jovial Glossário da Música Eletrônica: Letras H e I

Mastigamos gêneros, termos técnicos, referências culturais e piadinhas internas para te ajudar a entender o complexo e maravilhoso mundo da eletrônica.

O grande gênero da música eletrônica visto de fora pode parecer uma confusão sem tamanho. Olhando de dentro também é um pouco, pra falar a verdade. De qualquer forma, preparamos este pequeno glossário para você entender um pouco melhor esse estilo de som em suas inúmeras encarnações. Alternamos em ordem alfabética alguns termos técnicos com verbetes que tentam explicar sucintamente também os distintos gêneros, subgêneros e derivações, para viabilizar uma superficial organização mental do que foi produzido em toda a história da música eletrônica. A ideia não é dar um guia definitivo, mas sim elucidar alguns pontos específicos dentro dessa grande e galática sonoridade artificial. Nesta semana continuamos a jornada com as letras H e I.

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HARDCORE: Um gênero em si, mas também usado como prefixo ou sufixo para designar elementos dentro de outros estilos. Derivação do techno europeu dos anos 90, mais especificamente desenvolvido na Holanda, pode ser identificado por uma música com tempo mais alto, entre 160 e 200 BPM., além de instrumentos distorcidos através de saturação. A batida mais rápida do hardcores seguiu basicamente dois caminhos estilísticos, para a experimentação dark e futurista ou para o famigerado happy hardcore, que se você estava vivo no final dos anos 90 provavelmente já ouviu que é o estilo de música eletrônica mais provável de baixar sua capacidade cognitiva, se apreciado sem moderação. O termo harcore também é aglutinado a outros gêneros para designar músicas de outros estilos que usam características do hardcore, como o hard techno o hard house o hard trance e o hardstyle, que é uma mistura mucho louca desses estilos todos.

Esta doideragem de 1990 é reconhecida como a primeira música de hardcore.

HI-NRG: A rainha do disco Donna Summer, em uma entrevista de 1977, falou que o sucesso de sua recente música "I Feel Love" (produzida por e composta com Giorgio Moroder) se deu por causa da alta energia (high energy) que a música passava. Desde então os sucessos disco mais eletrônicos e acelerados, sem elementos do funk tão claramente pronunciados, começaram a ser referidos como high energy, ou com a grafia alterada hi-nrg. A base rítmica não tão quebrada quanto outros tipos de música disco e a harmonia construída a partir de sintetizadores formaram a base para muito da posterior música eletrônica de pista, mais especificamente no techno, mas não se resumindo a ele. Embora um pouco mais sintético e lembrando um pouco o synth pop alemão, um belo exemplo de ramificação do gênero é da canção "Blue Monday" da banda inglesa New Order, queridinha das festas saudosistas dos anos 80 do mundo inteiro.

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Saca a potência desse Sylvester.

HIP HOP: Movimento nascido no Bronx da Nova York dos anos 70 cujos quatro elementos são o break dance, o DJ, o MC e o graffiti. Mas como assim é um tipo de música eletrônica? A resposta é sim e não. A junção do beat com a letra declamada do rap são a base da música no hip hop, que ultrapassou o movimento que, desde sua criação, já foi apropriado por um pouco mais que meio mundo. As batidas do break beats, que surgiram da combinação das viradas de bateria do funk, e a introdução da técnica de loop e do som de sintetizadores, formaram a base para a galera dançar e rimar em cima. Apesar do hip hop ter nascido dentro do break beat, não quer dizer que ela se resuma a ele, nem que suas derivações posteriores não tenham contato com outros estilos dentro da música eletrônica e fora dela também. Um bom exemplo disso é o hip house, que usa bases de house para trabalhar o rap ou vice versa, inclusive, essa belezinha aqui é um hip house que você conhece e se ouvir não vai sair da sua cabeça.

No Brasil, a introdução de "Rapper's Delight", emblemática música do The Sugarhill Gang e responsável por introduzir o hip hop ao mainstream, veio através da versão de Miele.

HOUSE: Talvez o gênero de música eletrônica com maior penetração em outros estilos e ramificações, o house nasceu em Chicago nos anos 80, a partir da derivação da música disco com elementos mais minimalistas. Um desses elementos é a batida marcada pelo bumbo no início do compasso 4/4, que se tornou um dos traços mais facilmente reconhecidos da música eletrônica. A house music é o grande gênero de música eletrônica que soa mais humana, mais orgânica, mais classuda do que seus primos. Também é a mais swingada com seus baixos e chimbais dançantes. A house music, talvez por soar menos abrasiva do que outros gêneros da música eletrônica, é o que mais tem troca com a música pop.

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IBIZA: O arquipelago balear na Catalunha, Espanha, é formado pelas ilhas Maiorca, Menorca, Formentera e PARTY IBIZA. Ibiza desde os anos 80 é um antro de festas, excessos, abuso de drogas, putaria e musica eletrônica. Todos os verões a juventude abastada da Europa, e do resto do mundo, vai para Ibiza atrás de curtição, os DJs mais quentes do momento também sempre fazem questão de passar por lá para apresentar seus mais novos hits, especialmente de house e trance, além de gêneros outros. A ilha é tão central para tanta gente do mundo da música eletrônica que tem até um gênero musical que nomearam de balearic beat, referindo-se as ilhas baleares.

Locomia é a alma e o ritmo de Ibiza.

IDM (intelligent Dance Music): Termo inventado para pessoas que não gostavam de música eletrônica poderem curtir um som eletrônico sem o famoso rótulo de música DANCE, que foi tão usado depreciativamente nos anos 90. Classificação completamente artificial que não tem a ver necessariamente com o som, geralmente se refera a artistas britânicos mais experimentais, também responsável pelo genérico termo Electronica, usado nos EUA como um grande gênero de música mais experimental com o tempo baixo, mas rigorosamente é um termo imposto de cima, não vindo da prática do som. Artistas como o queridinho Aphex Twin já foram rotulados como IDM e não curtiram esse termo não.

INDUSTRIAL: Iniciado nos anos 70 com uma galerinha super prafrentex da Inglaterra que estava envolvida com arte performática, música concreta e experimentalismos sonoros da época, o industrial é um dos gêneros eletrônicos de maior duração contínua, embora tenha mudado bastante nesse tempo todo, como tudo mais no mundo. Desde o início a música sempre teve uma temática mais tenebrosa e ambientação dark, com o que tem contato estilístico com a música gótica, mas sempre se baseando em instrumentação eletronica com baterias eletronicas, sintetizadores e uso de sons não musicais, assim como a música concreta, para compor suas canções. O gênero fez mais sucesso a partir dos anos 90 com a fusão com outros estilos como o rock, metal e o electro, entre os mais conhecidos Skinny Puppy e o bonitão do Trent Reznor com o Nine Inch Nails.

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O cara está falando de dança industrial, mas mais me parece um hard acid techno, vale pelo valor cômico.

ITALO DISCO: A Itália foi um maravilhoso recanto onde a música disco pôde descansar e se desenvolver com base na música eletrônica, a partir das introduções mais eletrônicas do hi-nrg, que surgiram em grande parte por causa do italiano Giorgio Moroder, diga-se de passagem, e do synthpop do mundo todo, mas mais especialmente Alemanha, criou um tipo particular de música pop que hoje em dia está começando a ser redescoberto e reapropriado pela galera mais descolada, sério, ouve isso daqui e depois isso daqui pra sacar o que estou falando.

Sabrina mostrando todo seu talento neste videoclip de 1988. O vocal é um ótimo exemplo ao mostrar como a maioria das músicas de italo disco eram cantadas em inglês com um sotaque italiano tão desgraçado que começou a ficar interessante.

O Pedro Graça tenta deixar o mundo mais sábio no Twitter também: @pedrograca

Adquira ainda mais cultura lendo o que já publicamos no Glossário:

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