O HomeSick É uma Máquina de Propagar Footwork

FYI.

This story is over 5 years old.

Música

O HomeSick É uma Máquina de Propagar Footwork

Conheça o produtor canadense por trás do Tumblr Footwork-Jungle que compartilha com o mundo ouros do gênero.

Durante o dia, o canadense Shaun McHale trabalha no ramo da engenharia elétrica como um técnico de Fonte de Alimentação Ininterrupta, garantindo eletricidade para centros de dados e enfermarias de cuidados intensivos. À noite, ele é o Homesick, o produtor/DJ/promoter que comanda o tumblr Footwork-Jungle, a label e movimento que proporciona um fluxo de dance music acelerada do Canadá para o mundo.

Seu talento e devoção lhe fizeram conquistar um dos 61 cobiçados lugares na edição deste ano do Red Bull Music Academy em Paris. Esse voto de confiança e o apoio da indústria vem desde o primeiro lançamento do HomeSick há dois anos, um remix de footwork que saiu pela Ground Mass, a mesma label que lançou o clássico jungle de 1994 do Shy FX & UK Apache, o "Original Nuttah". Desde então, o McHale lançou músicas por gravadoras como a Philthtrax, Phyla e Ecology Benefit Society, além de duas compilações lque saíram pela sua Footwork-Jungle: Fire Hazard e Rave 2.0

Publicidade

O que realmente atraiu atenção para o blog do Footwork-Jungle é o seu consistente fluxo de clipes e mais de 28 DJ mixes exclusivas — além da página servir como um arquivo extenso e uma fonte de recursos contínua tanto para os DJs antenados em footwork e jungle, como para os novatos que não são tão do rolê e estão atrás de explorar a interseção desses dois gêneros. O footwork-jungle agora está dominando o leste do Canadá na vida real graças a nova série de eventos Percolate, que são produzidos por HomeSick em parceria com os percussores do industrial, Cherriep da label Philthtrax e Michael Benz do Noctilux Collective. Desde outubro de 2014, o Percolate faz eventos focados em footwork como o Habitat Living Sound, na cidade de Calgary, e o Open Studios e Fox Theatre em Vancouver. Esses eventos em clubes boutique do Canadá atraem uma espécie de público que é mais curiosa do que comprometida com o footwork. O Percolate, porém, merece crédito total por ter preparado o terreno para produtores/DJs locais como Cherriep, Ghostwhip, Self Evident e Taal Mala. E por ser capaz de mobilizar tanta gente boa ao seu redor, o momentum do HomeSick é incontestável.

O THUMP trocou uma ideia com o McHale para sacar qual é a desse cara que rapidamente está se tornando a máquina propagadora do footwork.

THUMP: Quando e onde você ouviu "Original Nuttah" pela primeira vez e o que te fez decidir remixar o som, se tornando a primeira faixa produzida pelo HomeSick?
Homesick: Meu deus, o Soda… foi na época do The Soda. O Soda era a parada mais zuada… Mentira, era incrível. Foi ali que comecei. Quando eu nem curtia tanto música eletrônica, rolavam essas noites de drum and bass e eu lembro de ter escutado jungle music pela primeira vez e fiquei tipo, "Porra, isso é massa". O momento que fez um 'click' foi quando ouvi a "Original Nuttah". Ela é tipo, [cantando] "Na ne ne whoa…" e assim que entra a bateria, eu fiquei tipo, "Caceta!" Tem alguma coisa aí: um roller. Todo esse roller do jungle tem me ganhado. Eu amo isso.

Publicidade

Como você se conectou com o Groundmass para o lançamento?
Groundmass foi realmente por onde comecei. O Mark Kloud, Jason Graphs… Faz dois anos que começamos. Estávamos liberando compilações de graça todo mês. Funcionou como um teste.

Isso parece fazer parte da mentalidade footwork. Você ouve falar sobre como o DJ Rashad era, dando prazos e atribuições para a galera do Teklife. Quão importante é a produtividade para você?
Tem pessoas que tem seu fluxo de trabalho em dia, e o DJ Rashad era famoso por isso. Ele poderia criar faixas incríveis, tipo, uma, duas, três, quatro, cinco, seis… O tempo todo. Consequentemente, era uma peça importantíssima para o footwork — e continua sendo. Descanse em paz, Rashad. Tenho dedicado muito tempo a produção. Tenho várias paradas engatilhadas, mas é difícil. Você não consegue atingir o mesmo nível do Rashad. Saca, criar três faixas num só dia. Não consigo fazer isso. Sou muito exigente em relação ao meu fluxo de trabalho.

Nas suas produções, qual direção você está tomando?
Tenho tentado mantê-las acessíveis mas ainda assim causar aquele estímulo intelectual que o footwork parece ter. Tocar em Calgary… existem alguns nerdões do gênero por lá, mas muitas pessoas ainda não estão familiarizadas com o som. Então penso bastante que o que eu tenho focado recentemente tem servido como uma ponte para essas pessoas — algo que elas conseguem se identificar e quase as deixam curiosas sobre as raízes do footwork.

Publicidade

Tem essa faixa que eu fiz "Environment Standards", que será lançada nesse ano. Ela começa sendo acessível, mas tento trazer a luta footwork. É como se o free jazz estivesse numa arena de dança. Você tem que ser muito perspicaz para conseguir incorporar essas coisas de um jeito sagaz.

Como você explicaria a diferença entre footwork e juke?
Ao que me parece, o juke é mais estático, tipo four-on-the-floor; enquanto chamar algo de "footwork" abre as portas para começar a tocar mais kicks de bass. Obviamente há faixas que terão uma pegada four-on-the-floor até a parte principal e então incorporarão o footwork. Há muita área nebulosa. É como se o footwork fosse o colapso do juke.

Você nota um tipo de apreciação diferente por parte das pessoas que curtiam jungle nos anos noventa e agora estão curtindo footwork?
O Lemon D agora é conhecido como K-aze, um artista de footwork na label AllRoads. Então você tem um produtor de jungle das antigas, que obviamente é muito apegado a essa rave old school da qual estamos falando, e está estritamente fazendo música footwork hoje em dia. Acho que essa é a epítome do footwork jungle.

Qual foi o aspecto mais interessante em ver o footwork-jungle crescer durante os dois anos que você começou?
Me conectou à comunidade footwork em todos os cantos da internet e do mundo. É impressionante como a comunidade é unida. As pessoas ficam mandando faixas sem parar. Todo mundo compartilha as coisas e tudo parece ser muito genuíno.

Publicidade

O que é Rave 2.0? O que isso significa?
Rave 2.0 foi criado depois de várias conversas com o Rob Huckle do Dred Collective. Estávamos fuçando umas filmagens antigas de raves dos anos 90 e nos apaixonando pela estética. Ouvimos falar de uma galera que estava curtindo isso e incorporando com a música footwork. E ficamos tipo, "Porra, a gente devia fazer uma compilação". É uma releitura do que aquilo era naquela época.

Tem a estética da Rave 2.0 também, várias cores dos anos 90 e gráficos 3D. Você vê uma conexão entre o estilo seapunk e o que você está fazendo?
Bom, é basicamente isso: enquanto eu ficava sentado num ambiente de trabalho esperando as pessoas ficarem prontas, criei um Tumblr. Eu era viciado em Tumblr e apenas aproveitei isso. Você tem seapunk, vaporwave — todas essas estéticas estranhas da internet. Me apaixonei por elas e comecei a fazer artes gráficas mal renderizadas. É meio como brincar com a nostalgia, sabe? Como jogar um Nintendo 64 com gráficos zuados, mas é superrealista.

E qual é a de soletrar Footwork-Jungle usando símbolos alternativos?
É piegas. É piegas e eu amo. É tipo como se fosse o seu nome no MSN durante o ensino fundamental.

Você não ia em raves nos anos 90, certo?
Eu colecionava cartas de Pokemon e andava de bike. Era isso que eu fazia.

O HomeSick está no Facebook // SoundCloud // Twitter

Tradução: Stefania Cannone