Kerri Chandler Apresenta Kaoz and The Creation
Tony TK Smith

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Música

Kerri Chandler Apresenta Kaoz and The Creation

Um dos DJs e produtores mais importantes da house music lançou numa nova label e fala sobre ela nesta entrevista.

No início deste ano, durante um fim de semana muito louco no Bognor Regis Butlins, em Londres, me vi de pé numa pista de boliche assitindo ao Kerri Chandler discotecar. Era a segunda vez que eu via este respeitado DJ de New Jersey ao vivo.

Meu primeiro encontro com esse cara por trás de grandes clássicos como "Atmosphere", "Rain" e "Mommy, What's a Record?" terminou de forma abrupta depois que um dos convidados — um daqueles bem putos da vida — chegou perto demais da namorada de um manda-chuva do lugar e acabamos sendo delicadamente expulsos da área VIP da balada e despejados nos becos de Turim.

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Já na Butlins, o Kerri Chandler continuava quebrando tudo. Misturando house das antigas com clássicos futuristas, o Kerri tocou ao vivo o tecladinho de músicas como "Move Your Body", e o ambiente repleto de guerreiros de fim de semana exaustos fundiu-se numa massa palpitante pronta para a grande zueira final. Foi tão bom quanto um daqueles sets de domingo à noite numa cidade litorânea em baixa temporada.

O Kerri Chandler, para que não conhece — e se você não conhece, faça um favor a si mesmo e ouça apenas faixas criadas por nos próximos meses — é, provavelmente, um dos DJs e produtores mais importantes da história da house music. Chandler começou a discotecar aos 13 anos e produzir aos 14. Ele habilmente mistura uma música repleta de alma com batidas pesadas, criando jams de balada totalmente arrebatadoras.

Chandler também lidera a label Madhouse e sua sub-label MadTech, que lançaram jams de house de primeira feitas por artistas como Krystal Klear, Jerome Sydenham e Tony Lioni. No mês passado, veio ao mundo a mais nova label do Chandler, a Kaoz Theory, que leva esse nome porque, segundo ele, "no início da minha carreira, eu usava o apelido Kaoz 6:23. Porque era isso que me rodeava — caos. O caos do estúdio, as agendas de viagem caóticas, mas principalmente o fato de que todo ano lá pelo dia 23 de junho, algo importante aconteceria na minha vida. Sempre era muito louco quando esta data estava chegando. Usar este nome foi uma forma de trazer um pouco de ordem ao caos".

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Nós já apresentamos um trecho da compilação que acompanha o Kaoz Theory aqui no THUMP, então, dessa vez, nos pareceu justo dar voz ao próprio cara.

THUMP: Eu te vi arregaçando na Hideout esses dias. Você estava curtindo tanto quanto a galera?
Kerri Chandler: Foi divertido! É um festival tão acolhedor. No entanto, chegar até a Croácia é meio punk. Primeiro você faz duas conexões e depois pega mais três horas de estrada. Mas é quase uma nova Ibiza. Ainda não foi explorada e está intacta. Não é exclusiva ou cara e o seu dinheiro vale muito. Ibiza às vezes tem preços abusivos. A Croácia ainda está escondida e todo mundo está aberto a festas. Até em festas privadas eles fazem você se sentir à vontade — não precisa ser nenhum bam-bam-bam para conseguir entrar numa festa. Dá pra ficar curtindo a noite toda. O que importa é a música… Você pode ir nadar no mar ou pegar um barco. É intocável, uma parada escondida.

E então rolou algo estranho. Vi a Heide rapidinho. Acho que vi o MK um pouco também. Estava viajando sem parar, então capotei na primeira noite. Depois comi um sanduíche de frango. Não deveria ter feito isso. Eu queria ir até lá e ver a Heidi mas o meu estômago estava tipo, 'NÃO! Senta um pouco, respira, não se mexe". O meu quarto estava muito quente. Mandei uma mensagem para ela dizendo que não conseguiria ir. O sanduíche me destruiu. Ela não respondeu, o que achei estranho. Na manhã seguinte a encontrei e aquele sanduíche também tinha acabado com ela. Era só um sanduichinho enrolado num plástico e era a única coisa que você conseguiria encontrar. Eu precisava comer alguma coisa.

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Você tem algo especial engatilhado para essa semana, certo?
Vou fazer a Essential Mix na Radio 1. Não faço uma dessas há alguns anos e será ao vivo. Normalmente só ouço rádio quando estou no carro indo ou voltando de algum lugar. Em relação a música, estou sempre ouvindo promos.

Você está sempre recebendo novas promos? Quantas você acha que recebe por semana?
Uma porrada. Tipo umas 80 faixas por dia. Tento ouvir o máximo que consigo. Se conheço a pessoa que a enviou, necessariamente ouço. Compro muita coisa para não precisar responder e-mails. Sei que estou perdendo muitas coisas, mas provavelmente já as comprei de qualquer forma. Para mim é mais fácil fuçar as paradas no Beatport. Meus assessores fuçam algumas coisas para mim também, daquilo que acham que posso gostar. As pessoas me dão pen drives em festas. Me mandam várias músicas, vários CDs. Até o fim do dia eu recebo umas dez, 20 coisas.

Estou mais inclinado a ouvir músicas que as pessoas me deram. Se gosto, depois coloco num set. Várias vezes me vejo acelerando uma faixa para ver como chega no auge e como foi construída.

Estou intrigado pelo seu uso da palavra 'construída' — é assim que você enxerga a discotagem? Como algo em construção?
Definitivamente. O feeling do que estou ouvindo na minha cabeça precisa ser transportado para a pista de dança imediatamente. Quero que as pessoas se divirtam e quero que isso se espalhe. Se estou num clima específico quero que ele se espalhe também.

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Me esforço ao máximo para pensar sobre a noite do início ao fim. Esse é o lance: quero que dê tudo certo a noite inteira. Não quero que o próximo DJ tenha que se esforçar para entrar no clima. Sou muito cuidadoso em relação a como saio de cena e a forma como as pessoas estão se sentindo naquele momento. Falo com elas quando estou na pista de dança e presto muita atenção no que estão falando.

Algumas faixas não soam tão bem em alguns sistemas de som. Você tem que pensar, Ok, uma 808 não vai funcionar aqui, mas uma 909, sim. As faixas podem dar certo, mas os vocais não. Eu sei como elas devem soar. Preparo o ambiente baseado em como a música deve soar num sistema específico. Estou no ramo da checagem de som há mais tempo do que no da discotecagem. Num festival tento descobrir quem é o engenheiro de som e me aproximar dele, para saber que volume preciso manter. Ouço da pista de dança e eles perguntam a minha opinião sobre os volumes. Eles ouvem o que falo. Falamos a mesma língua. Engenheiros não querem falar com quem não conhece do assunto. Se eles sabem que você se importa com seu som, eles vão se assegurar de que estará tudo tinindo. Tudo certo? Sim, tudo certo!

"Kerri Chandler Presents Kaoz Theory" já está disponível na Kaoz Theory. O Kerri também vai tocar na Lovebox esse fim de semana. Se você quer concorrer a dois VIPs pelo THUMP, clique aqui!

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O Josh também está no Twitter.

Tradução: Stefania Cannone