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Música

Depois de Três Anos, Chega ao Fim a Série Upper Cuts da Enchufada

Chefe do selo lusitano, Branko manda a saideira, fala sobre a missão da label e relembra dos bons momentos com Bin Laden no Brasil.

Depois de três anos, a aclamada série Upper Cuts do selo Enchufada está chegando ao fim. Para você lembrar: a sériedo selo lisboeta tem lançado downloads grátis nos últimos três anos, uma iniciativa que eles descreveram ter como influência os anais da cultura de soundsystem do Reino Unido, onde DJs faziam dubplates para tocar faixas exclusivas uma por vez. Para a Enchufada, a série foi um jeito de trazer a mesma vibe para a era da internet.

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Lançando uma faixa todas as segundas e quartas-feiras até agora, a Enchufada nos apresentou artistas como Tony Quattro, Dengue Dengue Dengue, e Djeff. Além disso, também mostrou outros ótimos lançamentos de produtores como Auntie Flo, isso sem falar na prata da casa como o Buraka Som Sistema e os artistas fundadores do selo, o Kalaf Ângelo e João 'Branko' Barbosa — é Brako, inclusive, que fecha a série com o lançamento de uma nova faixa, a "2 Nice". Ouça abaixo.

Dê o play no beat de despedida de Branko, baixe o som, e leia nossa entrevista com o produtor português para saber mais informações sobre a história por trás da Upper Cuts. Vamos sentir saudades… Obrigado por toda a música.

THUMP: Qual foi a ideia por trás da série Upper Cuts?
Branko: A série nasceu da noção que nem toda música é um single ou pertence em um EP. Como DJs e pesquisadores de música, não parávamos de encontrar ótimas faixas do mundo todo que nós queriamos compartilhar com nosso público, mas sem o peso de fazer a mesma campanha ou contextualização necessários para um lançamento maior. Como continuávamos vendo esse ótimo material aparecendo em nossas caixas de e-mail, decidimos embalar tudo em um conceito e começamos a entregar a cada duas semanas. Por mais que encorajemos nossos artistas a lançar o máximo de personalidade artística por trás da múscia que eles criam, nós também amamos uma abordagem mais imediata, que se torna cada vez mais relevante quando você tem um selo como o nosso, devotando seu tempo a explorar e mostrar vários tipos de tendência global eletrônica. Por isso pareceu uma forma orgânica de aumentar nossa rede de artistas e expandir a missão da Enchufada o máximo possível, virando ao mesmo tempo nosso laboratório para mostrar todo tipo de experimentos musicais diferentes.

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Por que vocês decidiram acabar com a Upper Cuts, o que vem em seguida?
De certa forma, a série sempre pareceu algo que tinha virado algo a mais. Por mais que nós gostássemos da liberdade de lançar uma faixa grátis a cada duas semanas nos últimos três anos, sempre soubemos que o formato precisava mudar. Foi uma ferramenta essencial em termos de desenvolver um público de Soundcloud e alcançar países e pessoas que nunca poderíamos [alcançar] de outra forma. No entanto, quando finalmente descobrimos como queríamos evoluir, estava claro que precisávamos seguir em frente. Não podemos falar muito agora, mas estamos desenvolvendo uma plataforma online para servir como uma base para para todas essas ótimas cenas globais e locais, e estamos planejando ter a plataforma pronta por volta de abril de 2016.

Leia: "Para Branko Toda Ideia de Apropriação Cultural É Ridícula"

Olhando para trás, quais suas faixas preferidas da série?
Com 60 faixas espalhadas em três anos é difícil pegar apenas algumas favoritas, mas há definitivamente muitos destaques em todas as seis temporadas da série. O "Zouk Flute" do Buraka Som Sistema foi uma faixa icônica que marcou o começo da cena zouk bass, que nós apresentamos ao mundo com nossa estreia no Boiler Room, e ainda é faixa mais tocada e baixada do Upper Cuts. Mas também tem o "Lombuka", do Dengue Dengue Dengue, as melodias árabes hipnóticas de The CLERK em "Cairo", a versão de Jumping Back Slash do novo som gqom em "Kanganga", "Love Marimbas" do Dotorado Pro, ou "Sout Out Gaia Beat" do artista holandês Sam Blans são algumas das minhas [faixas] preferidas, e são faixas essenciais na maioria dos meus sets de DJ.

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Você está prestes a fazer uma festa de aniversário de cinco anos do Hard Ass Sessions — você pode nos contar um pouco dessa festa?
A Hard Ass Sessions começou como uma forma de conectar o Buraka Som Sistema e a Enchufada à nossa cidade natal,Lisboa. Nós pegamos o nome de uma série de EPs que estávamos lançando na época, no qual desafiamos alguns dos nossos produtores preferidos a interpretar o som do kuduro que estávamos ajudando a se tornar popular fora de Luanda, e tudo começou daí. Com o passar dos anos virou uma parte essencial da vida noturna da cidade, e conforme a Enchufada cresceu e evoluíu musicalmente, o mesmo também aconteceu com a nossa festa bimestral. Você pode quase dizer que é um tipo de reflexo da série Upper Cuts, um lugar onde esse coquetel imprevisível de todos os tipos de batidas globais diferentes ganham vida e viram realidade na pista de dança do Lux Frágil, como escolhidos pelo time residente de DJs da Enchufada (composto por mim e Rastronaut), assim como convidados de nossa família artística extendida. Sobre a celebração de cinco anos nós só queremos fazer a festa mais divertida possível, fazer uma festa de aniversário de verdade e focar o lineup nas pessoas que estão lá sempre fazendo tudo acontecer — com alguns convidados surpresa para manter tudo interessante.

Leia: "Eu Não Sei se o Bin Laden Sabe Quem eu Sou", Diz Diplo

Você também teve a turnê do Atlas em setembro? Qual sua melhor história dessa viagem?
De certa forma, desde que eu lancei o disco minha vida toda virou uma turnê sem fim do Club Atlas. Depois dos shows iniciais em setembro que me levaram ao Brasil, EUA, Canadá, México e Colombia, eu voltei pra Europa e tenho visitado diferentes cidades todo fim de semana, como Amsterdã ou Berlim. Não que tenha uma história específica por trás mas o show mais ambicioso e maluco foi definitivamente o lançamento do disco em São Paulo, quando convidei o MC Bin Laden para se apresentar e ele acabou aparecendo com toda sua turma inclusive MC Pikachu e MC Brinquedo, que estavam muito a fim de cantar mas porque eles são tão novos e era impossível fazê-los se apresentarem em um show ao vivo do Boiler Room onde estavam servindo álcool. Eu ainda lembro do MC Brinquedo me pedindo para dar uma cerveja escondida pra ele (mas não dei).

Veja o primeiro LP de Branko Atlas.

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Tradução: Pedro Moreira

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