surgiu de um surto criativo — juntamente a uma falta de recursos para expressá-lo — de Guilherme Augusto, jovem natural de Goiás. Após criar alguns riffs, batidas e loops em sua casa, na capital goiana, e sem grana para ensaiar num estúdio, o produtor convidou amigos para tocar com ele e complementar as ideias que já se transformavam num disco. "Assim, cada música teve uma a influência diferente, sem um objetivo ou genêro específico que a gente seguiu", conta Guilherme.
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De fato, seria difícil encaixar fRALDINHA, primeiro disco lançado sob a alcunha de Guilherme, fiRULA, em um gênero musical específico. Ouvindo o disco, minha mente foi de Radiohead (o final de "inchalá", com seu riff de guitarra singelo e sua ambientação eletrônica, lembra muito o que o quinteto inglês fez no Kid A) às batidas lenta e instrumentalmente construídas do Four Tet, passando por tambores afrobeat e batidas de trip-hop. Apesar das comparações um pouco austeras, fRALDINHA é um disco que soa bastante jovial, com uma pegada lo-fi e crua.
Arte parte do disco, feita pelo artista Estêvão Parreiras.
Em meio ao som construído por Guilherme e seus amigos, ainda há diversos samples criativamente utilizados pelo jovem: além dos companheiros de Goiânia Carne Doce, o produtor também sampleia a bateria de "Mão na Cabeça", do Planet Hemp, e até mesmo uma cena do filme policial Assalto ao Trem Pagador, na track "tião e o cagueta de olhos azuis", que leva seu nome em homenagem ao diálogo sampleado.No maior estilo Taking Drugs to Make Music to Take Drugs To, o disco proporciona uma viagem sinestésica, mas com um certo pé no chão e ligação inevitável com a realidade; graças aos instrumentais, muitas vezes crus, singelos e pontuais, e pelas ambientações sonoras da cidade e do campo presentes no disco. Não é todo dia que a gente se depara com tamanha despretensiosidade criativa e precisão técnica. Escute fRALDINHA, que sai pela Propósito Records:
