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Música

Os Cinco Anos de Narrativas Secretas, Estranhas e Nojentas da Tri Angle

Um papo com Robin Carolan, fundador de um dos selos dos mais esquisitos e importantes selo do pop avant-garde mundial.

Desde o seu nascimento em 2010, a Tri Angle Records tem sido a esquina onde se trombam o pop não convencional e o R&B, o hip-hop cibernético e os ruídos atonais, e esses encontros acabam transformando esses sons inconfundíveis em uma trama de música eletrônica avant-garde que dispensa rótulos. Até mesmo os fãs da label existem em um universo abstrato e nebuloso.

Na última sexta (15), a gravadora celebrou seu quinto aniversário no Red Bull Music Academy Festival com um elenco formado pelos seus artistas-chave, incluindo Lotic, Vessel, Rabit, Forest Swords, Holy Other, Evian Christ, e o The Haxan Cloak. Além do incrível detalhe de que a festa rolou no mesmo monolítico edifício que foi usado como a bolsa de valores de Gotham City no O Cavaleiro das Trevas, é difícil prever como será o evento — principalmente porque não é o tipo de coisa que a Tri Angle costuma fazer.

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Desde o seu nascimento em 2010, a Tri Angle Records tem sido a esquina onde se trombam o pop não convencional e o R&B, o hip-hop cibernético e os ruídos atonais, e esses encontros acabam transformando esses sons inconfundíveis em uma trama de música eletrônica avant-garde que dispensa rótulos. Até mesmo os fãs da label existem em um universo abstrato e nebuloso.

Na última sexta (15), a gravadora celebrou seu quinto aniversário no Red Bull Music Academy Festival com um elenco formado pelos seus artistas-chave, incluindo Lotic, Vessel, Rabit, Forest Swords, Holy Other, Evian Christ, e o The Haxan Cloak. Além do incrível detalhe de que a festa rolou no mesmo monolítico edifício que foi usado como a bolsa de valores de Gotham City no O Cavaleiro das Trevas, é difícil prever como será o evento — principalmente porque não é o tipo de coisa que a Tri Angle costuma fazer.

"Capsule", do Hanz, foi lançado pela Tri Angle na semana passada

"Não temos muitos shows 'propaganda', não gosto de fazê-los", diz o mentor da label Robin Carolan, enquanto se senta em um cantinho escuro de um café ensolarado no Brooklyn Heights, em Nova York. A poucas quadras dali está o estúdio da Björk, onde ele atualmente está imerso na produção do segundo disco do Holy Other. Se manter distante desses eventos coletivos significa que Robin mal tem a chance de ver em primeira mão que tipo de fãs seu selo atrai. "Hoje em dia tenho a impressão de que eles vão me apoiar em tudo que eu fizer, então se eu decidir lançar algo meio inesperado, eles vão curtir. Na maior parte do tempo eles parecem sacar o espírito da coisa também", diz.

Ouça a Björk Discotecando um MC Brinquedo em Nova York

A fé do Robin de que a galera irá apoiá-lo tem sido um dos seus 'ethos' desde o início, juntamente com uma transposição descomplicada dos universos pop e avant-garde. Ele lançou a label em 2010 com a Let Me Shine for You, uma compilação de covers da Lindsay Lohan criada por produtores como Laurel Halo e Oneohtrix Point Never. "Eu meio que pensei que se você de fato pudesse entrar na cabeça da Lindsay Lohan, ela provavelmente seria um lugar bem assustador para se estar", ele disse à New Yorker. "Então pensei que poderia chamar uns caras para fazer um remake das suas músicas como se eles realmente estivessem dentro da cabeça dela".

Robin Carolan

Quando o Carolan surgiu na cena, "pop" ainda tinha uma conotação zuada para os baluartes do reino indie. Seus próximos lançamentos com o Holy Other, Balam Acab e oOoOO começaram a articular novos relacionamentos com o pop, inseminando suas estruturas de verso/refrão com um lo-fi maldito e bruto e samples vocais atmosfericamente sobrepostos e agudos. O sucesso inicial da Tri Angle se deu graças à subversão do pop por bedroom producers com uma pegada punk faça-você-mesmo.

Reza a lenda que se você conseguisse precisar exatamente o que a Tri Angle é, a magia se dissiparia imediatamente. É uma ideia que Carolan compreende implicitamente: "Sou bastante obcecado com a narrativa secreta que tenho na minha cabeça para cada lançamento — como se eu pudesse agrupá-los. Posso ligar os pontos e dizer que isso se relaciona com aquilo de tal forma e por aí vai, mas não consigo de fato explicar. É algo muito intuitivo para mim".

LOTIC: "Se Eu Não Disser que Sou Gay e Negro, Estarei Falhando com Minha Responsabilidade de Deixar as Pessoas Putas"

Em uma paisagem musical saturada por remixes e samples regurgitados, a Tri Angle se destaca como um jardim bem cuidado em um deserto de entropia. Carolan salienta que ele normalmente só fecha contratos com produtores que tem apenas uma ou duas músicas autorais: "Eles não fazem parte do circuito hype, então sei qie quando estou curtindo algo estou curtindo DE VERDADE, e não porque é a nova onda do momento."

"Acabei de passar por uma fase em que estava super interessado em fazer os caras trabalharem com alguns rappers famosos ou vocalistas de música pop, e simplesmente concluí que isso não era muito a minha", ele continua. "Questiono como essas paradas são feitas. Me senti como se estivesse me reunindo com pessoas que não faziam a menor ideia do que é música e nem sequer gostavam daquilo, e me senti terrível. Não queria fazer aquilo".

Isso provavelmente fica mais claro no movimento que o Vessel tem feito, se distanciando dos atmosféricos e leves sets que marcaram seu primeiro disco para se aproximar do jungle mecânico em Punish, Honey, cujas faixas parecem ter sido concebidas ritmicamente como um ranger de dentes, com linhas de baixo latejantes se debruçando sobre baterias pesadas e melodias tocadas em um piano provavelmente feito de sucata.

Lotic, da Tri Angle

Enquanto isso, o Heterocetera do Lotic incorpora um techno impetuso e agressivo que mistura ritmos biomecânicos com zunidos microsônicos, criando um efeito parecido com o de passar carne crua em um ralador de queijo. As referências do pop aqui estão distantes da estrutura convencional e são jogadas dentro da mistura. Enquanto as camadas de som nas produções das antigas da Tri Angle eram frequentemente agrupadas em uma interpretação abstrata e rudimentar, aqui as texturas parecem ser aglomeradas de um jeito projetado para perfurar a pele.

Troquei ideia com um produtor que fez a Tri Angle chegar no topo da pirâmide ao lado de labels do mesmo naipe, como a Uno e a Hippos in Tanks. Há um sensação de que se você está na Tri Angle, você vai mais longe, as pessoas prestam mais atenção em você. O Evian Christ produziu "I'm in it", do Yeezus do Kanye West porque alguém da GOOD music estava de olho na Tri Angle quando a sua mixtape Kings and Them foi lançada. O The Haxan Cloak trabalhou como produtor no Vulnicura da Björk e o Clams Casino até fez uma trilha sonora para uma apresentação de balé.

Por que Todos Odeiam a Retrospectiva da Björk no MoMA?

Apesar da discografia da Tri Angle ser diversificada e complexa, a maioria de seus artistas atualmente estão trabalhando em um segundo álbum. É um período interessante para a label, o início de um novo capítulo. Carolan, com sua imprecisão característica, descreve os projetos atuais tanto do Holy Other como do The Haxan Cloak como uma "enorme sonoridade". Mas ele também destaca, "você tem que ter essas coisas — estranhas, desconhecidas, nojentas — para se inspirar".

Quando era criança, Carolan colecionava selos, papéis de bala e ovos de passarinhos (já chocados), ou qualquer outra coisa que poderia ser catalogada e que o deixasse obcecado. É este impulso que continua energizando a sua meticulosa curadoria na Tri Angle, assim como a sua tal "narrativa secreta". O que dá o toque especial à coleção e a mantém ativa é o fato de que ela nunca é um sistema fechado. Carolan pode estar estar em uma busca constante por sons e mutações no horizonte, com o intuito de re-constelar o catálogo inteiro da Tri Angle, mas, no fim das contas, ele confessa que o que o faz seguir em frente diariamente é o "medo de estar perdendo algo" que qualquer fã obssessivo de música sabe bem como é: "Se estou tendo um dia muito merda e quero desistir da Tri Angle, logo depois penso, 'Bom, não posso fazer isso, porque se fizer, vou deixar escapar esse novo disco que é muito incrível."

Tradução: Stefania Cannone

"Capsule", do Hanz, foi lançado pela Tri Angle na semana passada

"Não temos muitos shows 'propaganda', não gosto de fazê-los", diz o mentor da label Robin Carolan, enquanto se senta em um cantinho escuro de um café ensolarado no Brooklyn Heights, em Nova York. A poucas quadras dali está o estúdio da Björk, onde ele atualmente está imerso na produção do segundo disco do Holy Other. Se manter distante desses eventos coletivos significa que Robin mal tem a chance de ver em primeira mão que tipo de fãs seu selo atrai. "Hoje em dia tenho a impressão de que eles vão me apoiar em tudo que eu fizer, então se eu decidir lançar algo meio inesperado, eles vão curtir. Na maior parte do tempo eles parecem sacar o espírito da coisa também", diz.

Ouça a Björk Discotecando um MC Brinquedo em Nova York

A fé do Robin de que a galera irá apoiá-lo tem sido um dos seus 'ethos' desde o início, juntamente com uma transposição descomplicada dos universos pop e avant-garde. Ele lançou a label em 2010 com a Let Me Shine for You, uma compilação de covers da Lindsay Lohan criada por produtores como Laurel Halo e Oneohtrix Point Never. "Eu meio que pensei que se você de fato pudesse entrar na cabeça da Lindsay Lohan, ela provavelmente seria um lugar bem assustador para se estar", ele disse à New Yorker. "Então pensei que poderia chamar uns caras para fazer um remake das suas músicas como se eles realmente estivessem dentro da cabeça dela".

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Robin Carolan

Quando o Carolan surgiu na cena, "pop" ainda tinha uma conotação zuada para os baluartes do reino indie. Seus próximos lançamentos com o Holy Other, Balam Acab e oOoOO começaram a articular novos relacionamentos com o pop, inseminando suas estruturas de verso/refrão com um lo-fi maldito e bruto e samples vocais atmosfericamente sobrepostos e agudos. O sucesso inicial da Tri Angle se deu graças à subversão do pop por bedroom producers com uma pegada punk faça-você-mesmo.

Reza a lenda que se você conseguisse precisar exatamente o que a Tri Angle é, a magia se dissiparia imediatamente. É uma ideia que Carolan compreende implicitamente: "Sou bastante obcecado com a narrativa secreta que tenho na minha cabeça para cada lançamento — como se eu pudesse agrupá-los. Posso ligar os pontos e dizer que isso se relaciona com aquilo de tal forma e por aí vai, mas não consigo de fato explicar. É algo muito intuitivo para mim".

LOTIC: "Se Eu Não Disser que Sou Gay e Negro, Estarei Falhando com Minha Responsabilidade de Deixar as Pessoas Putas"

Em uma paisagem musical saturada por remixes e samples regurgitados, a Tri Angle se destaca como um jardim bem cuidado em um deserto de entropia. Carolan salienta que ele normalmente só fecha contratos com produtores que tem apenas uma ou duas músicas autorais: "Eles não fazem parte do circuito hype, então sei qie quando estou curtindo algo estou curtindo DE VERDADE, e não porque é a nova onda do momento."

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"Acabei de passar por uma fase em que estava super interessado em fazer os caras trabalharem com alguns rappers famosos ou vocalistas de música pop, e simplesmente concluí que isso não era muito a minha", ele continua. "Questiono como essas paradas são feitas. Me senti como se estivesse me reunindo com pessoas que não faziam a menor ideia do que é música e nem sequer gostavam daquilo, e me senti terrível. Não queria fazer aquilo".

Desde o seu nascimento em 2010, a Tri Angle Records tem sido a esquina onde se trombam o pop não convencional e o R&B, o hip-hop cibernético e os ruídos atonais, e esses encontros acabam transformando esses sons inconfundíveis em uma trama de música eletrônica avant-garde que dispensa rótulos. Até mesmo os fãs da label existem em um universo abstrato e nebuloso.

Na última sexta (15), a gravadora celebrou seu quinto aniversário no Red Bull Music Academy Festival com um elenco formado pelos seus artistas-chave, incluindo Lotic, Vessel, Rabit, Forest Swords, Holy Other, Evian Christ, e o The Haxan Cloak. Além do incrível detalhe de que a festa rolou no mesmo monolítico edifício que foi usado como a bolsa de valores de Gotham City no O Cavaleiro das Trevas, é difícil prever como será o evento — principalmente porque não é o tipo de coisa que a Tri Angle costuma fazer.

"Capsule", do Hanz, foi lançado pela Tri Angle na semana passada

"Não temos muitos shows 'propaganda', não gosto de fazê-los", diz o mentor da label Robin Carolan, enquanto se senta em um cantinho escuro de um café ensolarado no Brooklyn Heights, em Nova York. A poucas quadras dali está o estúdio da Björk, onde ele atualmente está imerso na produção do segundo disco do Holy Other. Se manter distante desses eventos coletivos significa que Robin mal tem a chance de ver em primeira mão que tipo de fãs seu selo atrai. "Hoje em dia tenho a impressão de que eles vão me apoiar em tudo que eu fizer, então se eu decidir lançar algo meio inesperado, eles vão curtir. Na maior parte do tempo eles parecem sacar o espírito da coisa também", diz.

Ouça a Björk Discotecando um MC Brinquedo em Nova York

A fé do Robin de que a galera irá apoiá-lo tem sido um dos seus 'ethos' desde o início, juntamente com uma transposição descomplicada dos universos pop e avant-garde. Ele lançou a label em 2010 com a Let Me Shine for You, uma compilação de covers da Lindsay Lohan criada por produtores como Laurel Halo e Oneohtrix Point Never. "Eu meio que pensei que se você de fato pudesse entrar na cabeça da Lindsay Lohan, ela provavelmente seria um lugar bem assustador para se estar", ele disse à New Yorker. "Então pensei que poderia chamar uns caras para fazer um remake das suas músicas como se eles realmente estivessem dentro da cabeça dela".

Robin Carolan

Quando o Carolan surgiu na cena, "pop" ainda tinha uma conotação zuada para os baluartes do reino indie. Seus próximos lançamentos com o Holy Other, Balam Acab e oOoOO começaram a articular novos relacionamentos com o pop, inseminando suas estruturas de verso/refrão com um lo-fi maldito e bruto e samples vocais atmosfericamente sobrepostos e agudos. O sucesso inicial da Tri Angle se deu graças à subversão do pop por bedroom producers com uma pegada punk faça-você-mesmo.

Reza a lenda que se você conseguisse precisar exatamente o que a Tri Angle é, a magia se dissiparia imediatamente. É uma ideia que Carolan compreende implicitamente: "Sou bastante obcecado com a narrativa secreta que tenho na minha cabeça para cada lançamento — como se eu pudesse agrupá-los. Posso ligar os pontos e dizer que isso se relaciona com aquilo de tal forma e por aí vai, mas não consigo de fato explicar. É algo muito intuitivo para mim".

LOTIC: "Se Eu Não Disser que Sou Gay e Negro, Estarei Falhando com Minha Responsabilidade de Deixar as Pessoas Putas"

Em uma paisagem musical saturada por remixes e samples regurgitados, a Tri Angle se destaca como um jardim bem cuidado em um deserto de entropia. Carolan salienta que ele normalmente só fecha contratos com produtores que tem apenas uma ou duas músicas autorais: "Eles não fazem parte do circuito hype, então sei qie quando estou curtindo algo estou curtindo DE VERDADE, e não porque é a nova onda do momento."

"Acabei de passar por uma fase em que estava super interessado em fazer os caras trabalharem com alguns rappers famosos ou vocalistas de música pop, e simplesmente concluí que isso não era muito a minha", ele continua. "Questiono como essas paradas são feitas. Me senti como se estivesse me reunindo com pessoas que não faziam a menor ideia do que é música e nem sequer gostavam daquilo, e me senti terrível. Não queria fazer aquilo".

Isso provavelmente fica mais claro no movimento que o Vessel tem feito, se distanciando dos atmosféricos e leves sets que marcaram seu primeiro disco para se aproximar do jungle mecânico em Punish, Honey, cujas faixas parecem ter sido concebidas ritmicamente como um ranger de dentes, com linhas de baixo latejantes se debruçando sobre baterias pesadas e melodias tocadas em um piano provavelmente feito de sucata.

Lotic, da Tri Angle

Enquanto isso, o Heterocetera do Lotic incorpora um techno impetuso e agressivo que mistura ritmos biomecânicos com zunidos microsônicos, criando um efeito parecido com o de passar carne crua em um ralador de queijo. As referências do pop aqui estão distantes da estrutura convencional e são jogadas dentro da mistura. Enquanto as camadas de som nas produções das antigas da Tri Angle eram frequentemente agrupadas em uma interpretação abstrata e rudimentar, aqui as texturas parecem ser aglomeradas de um jeito projetado para perfurar a pele.

Troquei ideia com um produtor que fez a Tri Angle chegar no topo da pirâmide ao lado de labels do mesmo naipe, como a Uno e a Hippos in Tanks. Há um sensação de que se você está na Tri Angle, você vai mais longe, as pessoas prestam mais atenção em você. O Evian Christ produziu "I'm in it", do Yeezus do Kanye West porque alguém da GOOD music estava de olho na Tri Angle quando a sua mixtape Kings and Them foi lançada. O The Haxan Cloak trabalhou como produtor no Vulnicura da Björk e o Clams Casino até fez uma trilha sonora para uma apresentação de balé.

Por que Todos Odeiam a Retrospectiva da Björk no MoMA?

Apesar da discografia da Tri Angle ser diversificada e complexa, a maioria de seus artistas atualmente estão trabalhando em um segundo álbum. É um período interessante para a label, o início de um novo capítulo. Carolan, com sua imprecisão característica, descreve os projetos atuais tanto do Holy Other como do The Haxan Cloak como uma "enorme sonoridade". Mas ele também destaca, "você tem que ter essas coisas — estranhas, desconhecidas, nojentas — para se inspirar".

Quando era criança, Carolan colecionava selos, papéis de bala e ovos de passarinhos (já chocados), ou qualquer outra coisa que poderia ser catalogada e que o deixasse obcecado. É este impulso que continua energizando a sua meticulosa curadoria na Tri Angle, assim como a sua tal "narrativa secreta". O que dá o toque especial à coleção e a mantém ativa é o fato de que ela nunca é um sistema fechado. Carolan pode estar estar em uma busca constante por sons e mutações no horizonte, com o intuito de re-constelar o catálogo inteiro da Tri Angle, mas, no fim das contas, ele confessa que o que o faz seguir em frente diariamente é o "medo de estar perdendo algo" que qualquer fã obssessivo de música sabe bem como é: "Se estou tendo um dia muito merda e quero desistir da Tri Angle, logo depois penso, 'Bom, não posso fazer isso, porque se fizer, vou deixar escapar esse novo disco que é muito incrível."

Tradução: Stefania Cannone

Isso provavelmente fica mais claro no movimento que o Vessel tem feito, se distanciando dos atmosféricos e leves sets que marcaram seu primeiro disco para se aproximar do jungle mecânico em Punish, Honey, cujas faixas parecem ter sido concebidas ritmicamente como um ranger de dentes, com linhas de baixo latejantes se debruçando sobre baterias pesadas e melodias tocadas em um piano provavelmente feito de sucata.

Lotic, da Tri Angle

Enquanto isso, o Heterocetera do Lotic incorpora um techno impetuso e agressivo que mistura ritmos biomecânicos com zunidos microsônicos, criando um efeito parecido com o de passar carne crua em um ralador de queijo. As referências do pop aqui estão distantes da estrutura convencional e são jogadas dentro da mistura. Enquanto as camadas de som nas produções das antigas da Tri Angle eram frequentemente agrupadas em uma interpretação abstrata e rudimentar, aqui as texturas parecem ser aglomeradas de um jeito projetado para perfurar a pele.

Troquei ideia com um produtor que fez a Tri Angle chegar no topo da pirâmide ao lado de labels do mesmo naipe, como a Uno e a Hippos in Tanks. Há um sensação de que se você está na Tri Angle, você vai mais longe, as pessoas prestam mais atenção em você. O Evian Christ produziu "I'm in it", do Yeezus do Kanye West porque alguém da GOOD music estava de olho na Tri Angle quando a sua mixtape Kings and Them foi lançada. O The Haxan Cloak trabalhou como produtor no Vulnicura da Björk e o Clams Casino até fez uma trilha sonora para uma apresentação de balé.

Por que Todos Odeiam a Retrospectiva da Björk no MoMA?

Apesar da discografia da Tri Angle ser diversificada e complexa, a maioria de seus artistas atualmente estão trabalhando em um segundo álbum. É um período interessante para a label, o início de um novo capítulo. Carolan, com sua imprecisão característica, descreve os projetos atuais tanto do Holy Other como do The Haxan Cloak como uma "enorme sonoridade". Mas ele também destaca, "você tem que ter essas coisas — estranhas, desconhecidas, nojentas — para se inspirar".

Quando era criança, Carolan colecionava selos, papéis de bala e ovos de passarinhos (já chocados), ou qualquer outra coisa que poderia ser catalogada e que o deixasse obcecado. É este impulso que continua energizando a sua meticulosa curadoria na Tri Angle, assim como a sua tal "narrativa secreta". O que dá o toque especial à coleção e a mantém ativa é o fato de que ela nunca é um sistema fechado. Carolan pode estar estar em uma busca constante por sons e mutações no horizonte, com o intuito de re-constelar o catálogo inteiro da Tri Angle, mas, no fim das contas, ele confessa que o que o faz seguir em frente diariamente é o "medo de estar perdendo algo" que qualquer fã obssessivo de música sabe bem como é: "Se estou tendo um dia muito merda e quero desistir da Tri Angle, logo depois penso, 'Bom, não posso fazer isso, porque se fizer, vou deixar escapar esse novo disco que é muito incrível."

Tradução: Stefania Cannone